#RIP senhora da televisão (1926-2022)

Quem morre aos 96 anos não apanha ninguém de surpresa; houve muitas oportunidades pelo caminho para especular sobre reacções individuais e colectivas.

“São imagens icónicas… Há pessoas a chorar… Um momento histórico.” Há algo cómico numa vasta multidão a exprimir colectivamente o seu pesar pela morte de uma figura pública, tal como há algo profundamente comovente, e algo vagamente sinistro. Os três atributos não são contraditórios, porque nenhum deles é intrínseco na coisa em si; todos são uma função da dificuldade em gerar uma linguagem de luto compatível com a distribuição do dialecto jornalês pelas plataformas (físicas e digitais) onde hoje o utilizamos. A dificuldade é acrescida quando meios de comunicação tradicionais tentam seguir um manual de instruções concebido antes da invenção do smartphone e de os últimos vestígios de uma monocultura se terem dissipado. As convenções mais recentes (#RIP) e os formalismos elegíacos clássicos parecem dissonantes quando vistos lado a lado com piadas e intervalos publicitários.

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