Novo aeroporto: Moedas quer fazer “parte da discussão”; ambientalistas consideram passo positivo

Da reunião entre o primeiro-ministro e o PSD resultou um acordo que prevê obras no aeroporto Humberto Delgado e a criação de duas comissões para elaborar a avaliação ambiental sobre possíveis localizações. O relatório final deverá ser divulgado dentro de um ano.

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As delegações do governo e do PSD discutiram o novo aeroporto esta sexta-feira em São Bento LUSA/ANTONIO PEDRO SANTOS

O presidente da Câmara de Lisboa considerou esta sexta-feira que a proximidade à capital é um dos critérios mais importantes na construção do novo aeroporto, salientando que não abdicará de um lugar à mesa para discutir sobre a sua localização, após a reunião entre o primeiro-ministro e o PSD sobre a construção da nova infra-estrutura. Para as associações ambientalistas é positivo que o Governo tenha decidido avançar com uma avaliação ambiental estratégica e que olhe “para um conjunto de localizações”, para além de Montijo, Alcochete e Santarém.

Da reunião entre o primeiro-ministro e o PSD, resultou um acordo que prevê obras no aeroporto Humberto Delgado e a criação de duas comissões para elaborar a avaliação ambiental sobre possíveis localizações. O relatório final deverá ser divulgado dentro de um ano.

Para o presidente de Lisboa, Carlos Moedas, o importante é que a decisão se faça rapidamente e que se contemple o factor da proximidade à capital na discussão sobre a localização, porque “Lisboa, como uma capital europeia, não pode ter um aeroporto que está completamente dentro da cidade”.

Apesar de não “conhecer” o projecto de Santarém, continua, importa considerar o tempo entre Lisboa e o novo aeroporto. Em declarações aos jornalistas em Paris, onde se encontra para a inauguração de um passeio dedicado a Aristides de Sousa Mendes, Moedas disse que “é normal” que o primeiro-ministro tenha dialogado com o líder da oposição. Contudo, quer fazer “parte dessa discussão” e ter “um lugar à mesa”. E quanto ao aeroporto Humberto Delgado, “pode continuar, mas com um tráfego diferente”.

O presidente da Câmara de Santarém reforçou que a eventual construção do novo aeroporto no concelho será importante não só para a cidade e o distrito, mas para toda a região Centro e Área Metropolitana de Lisboa. Numa reunião da Assembleia Municipal de Santarém, Ricardo Gonçalves disse esperar que Santarém seja a escolha do Governo. Invocando um estudo de João Ferrão sobre o futuro da Área Metropolitana de Lisboa, lembrou que “Santarém está no meio”.

Segundo o presidente da associação ambientalista Zero, Francisco Ferreira, que falou em nome de várias organizações não governamentais ambientais, é positivo que o Governo tenha decidido avançar com uma avaliação ambiental estratégica e que olhe “para um conjunto de localizações” para além de Montijo, Alcochete e Santarém. “Achamos que realmente é fundamental o rigor e independência”, disse à Lusa, alertando que “deve ser um processo aberto”.​

Para o PCP, os encontros entre o primeiro-ministro e o presidente social-democrata “apontam para um novo adiamento da necessária resolução do problema”, estando, “na verdade, a discutir o caminho para impor ao povo português a solução que melhor serve os interesses da multinacional Vinci, a quem foi entregue, em 2013, a concessão das infra-estruturas aeroportuárias por 50 anos”. Em comunicado, a direcção comunista realça que o que está em causa é a “submissão do poder político português aos interesses do grande capital”.​

Em reacção, o Chega requereu a marcação de um debate de urgência sobre o novo aeroporto e indicou que se realizará na quarta-feira, defendendo que todos os partidos devem ser envolvidos no processo. A reunião servirá para clarificar “os motivos que levaram às decisões que o Governo tenha tomado e as razões pelas quais o PS não quer partilhar essas decisões com os outros partidos e apenas com o PSD”, disse André Ventura num vídeo enviado às redacções. O líder lamentou ainda que o executivo não tenha ouvido “nenhum dos apelos do Chega, assim como aparentemente o Presidente da República também não”.​

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