Com a desflorestação a reduzir o seu habitat, os caracóis da Costa do Marfim são “caviar”

“O caracol é hoje, de longe, o caviar, é uma carne bastante apreciada que não pode ser comparada à carne de vaca”, refere um empresário que se dedica a este novo negócio lucrativo, que também explora o muco destes animais que é procurado pela indústria dos cosméticos.

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Um quilo de carne de bovino é vendido por quase quatro euos e um quilo de caracóis poderá custar o dobro Oleksandr Rupeta/GettyImages

Com a desflorestação a reduzir o habitat natural do caracol africano gigante, empresários na Costa do Marfim como Bernus Bleu estão a construir um nicho de mercado lucrativo com explorações agrícolas para a iguaria cujo muco que produzem também é procurado pela indústria dos cosméticos.

Bleu tem vindo a criar os moluscos e a ensinar outros a criar caracóis comestíveis desde 2017. Por todo o país, várias explorações de caracóis aderiram ao comércio, disse Bleu. Cerca de 1200 explorações começaram nos últimos anos, e cerca de 6000 pessoas receberam formação em criação de caracóis.

“O caracol é hoje, de longe, o caviar, é uma carne bastante apreciada que não pode ser comparada à carne de vaca”, segundo o empresário de 42 anos. Bleu disse que há cinco anos, o consumo total de caracóis era de pouco mais de sete toneladas, na sua maioria colhidos na floresta.

Todos os anos desaparecem 300 mil hectares de floresta na Costa do Marfim Imagem: Reuters. Edição: Vanessa Lopes

Agora já não há floresta

“Costumávamos apanhá-los na aldeia, mas agora já não há floresta e não conseguimos encontrá-los no mato”, disse Armand Eudest, um residente local, à Reuters no mercado de Adjame, em Abidjan.

No ano passado foram colhidas cerca de sete toneladas da floresta, enquanto os produtores forneceram 14 toneladas, num total de 21 toneladas que poderá aumentar para 30 toneladas este ano, disse Blue, acrescentando que a procura é de cerca de 250 toneladas anuais.

No país, onde um quilo de carne de bovino é vendido por cerca de 2500 francos CFA (3,84 euros), um quilo de caracóis poderá custar o dobro, disse ele.

Na quinta de Bleu em Azaguie, a cerca de 40 km da maior cidade do país, os caracóis são também estimulados a libertar o muco (a baba de caracol) que é utilizado para produzir produtos cosméticos tais como géis de banho e sabão.

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