ANCEVE pede medidas extraordinárias para o sector do vinho

É a segunda vez no espaço de um mês que a associação alerta para uma situação que entretanto se agravou. A ANCEVE pede “um plano extraordinário de apoio à fileira do vinho”.

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O preço de uma garrafa tipo sofreu um aumento de 50 por cento no espaço de um ano, diz a ANCEVE. Nelson Garrido

O risco de falência que enfrentam pequenos e médios produtores de vinho é sério e tem vindo a agravar-se. O (reiterado) alerta é da Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas (ANCEVE), que em comunicado enviado esta terça-feira às redacções diz ter pedido ao Governo que este “aceitasse agilizar um plano extraordinário de apoio à fileira do vinho”. “Um sector que leva longe o nome de Portugal mas está a ficar estrangulado pelo aumento brutal dos custos”, é sublinhado.

É a segunda vez no espaço de um mês que a ANCEVE alerta “para o facto de o aumento continuado dos preços das matérias-primas, dos materiais de engarrafamento, dos transportes e dos custos em geral, estar a levar inúmeros pequenos e médios produtores, que constituem o grosso do tecido empresarial da fileira vitivinícola, à beira da falência”.

O sector está a ser também afectado pela subida dos preços dos combustíveis ("o gasóleo agrícola subiu exponencialmente”, “83 cêntimos para quase 1,80 euros o litro"), caixas de cartão ("125 por cento, de 400 euros para mais de 900 euros o milheiro"), garrafas de vidro ("50 por cento de aumento para uma garrafa tipo” e com as garrafas a subirem “quatro vezes este ano, de 18 cêntimos em 2021 para 27 cêntimos em 2022"), rótulos (50 por cento), rolhas (20 por cento), cápsulas (30 por cento), e outros materiais agrícolas essenciais (que “subiram para mais do dobro").

Em sentido contrário ao das despesas, os produtores, sublinha a ANCEVE, “apenas conseguiram subir os seus preços de venda em cerca de 10 por cento, pelo que a esmagadora maioria irá apresentar enormes prejuízos no final do ano, se lá conseguirem chegar”.

A associação diz ter pedido, já em Agosto, ao Governo um plano extraordinário para a fileira do vinho, de apoio à tesouraria, sem juros, e a diminuição dos impostos associados ao gasóleo agrícola. Sugeriu à tutela igualmente que apoiasse o sector no investimento em barricas ou tonéis de madeira e no armazenamento de garrafas, dada a escassez no mercado e o aumento continuado dos preços, medida esta “a enquadrar legalmente, em diálogo com a União Europeia”.

A ANCEVE defendeu ainda a criação de uma linha específica para pequenas e médias empresas, “com candidaturas muito simples e apoios forfetários à imagem do Vitis, para realização de acções de promoção a partir de Janeiro de 2023”.

À excepção da redução do preço do gasóleo agrícola, para a ANCECE as medidas já anunciadas pelo Ministério da Agricultura terão o efeito contrário ao pretendido e levarão ao endividamento das empresas. Mais, diz a associação: o plano anunciado recentemente pela ministra da Agricultura “é uma medida no âmbito do FEADER, que abrangerá apenas uma parte da viticultura”.

A associação lembra que “as exportações nacionais de vinho baixaram 0,85 por cento no mês de Julho, para um total de 82 milhões de euros” e que, “no acumulado dos primeiros sete meses do ano, o sector regista uma quebra de 1,34 por cento, para quase 514 milhões de euros”. “São 6,9 milhões de Euros a menos do que em 2021”.

“É urgente e imperioso que, neste momento tão dramático e excepcional, o Governo aceite, de uma vez por todas, agilizar um plano extraordinário e específico de apoio à fileira do vinho”, vincou a ANCEVE.

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