Foco de gripe aviária obriga a abater 192 mil patos em Benavente

Análises aos funcionários da exploração deram resultados negativos para o vírus H5N1.

Foto
O problema ocorreu na maior unidade de criação de patos para engorda do país Reuters/REGIS DUVIGNAU

Um foco de infecção por vírus da gripe aviária de “alta patogenicidade” detectado, no início de Setembro, na maior unidade de criação de patos para engorda do país obrigou a Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) a accionar o plano de contingência e a tomar um conjunto alargado de medidas para tentar controlar e conter a situação. Trata-se do 26º foco de gripe aviária identificado este ano em Portugal, mas será provavelmente o caso com consequências mais graves uma vez que já obrigou ao abate de todos os 192.281 patos existentes na exploração da freguesia de Santo Estevão, no concelho de Benavente.

“Tratando-se de uma exploração avícola, a doença afecta sempre o conjunto do efectivo e não indivíduos pelo que, tal como disposto na legislação nacional e europeia em vigor, todas as aves presentes na mesma, à data de confirmação da infecção, foram sujeitas a abate seguido de destruição das respectivas carcaças”, explicou ao PÚBLICO a directora-geral de Alimentação e Veterinária, Susana Guedes Pombo, frisando que as operações de abate decorreram sob supervisão de técnicos da DGAV, com “o estrito cumprimento das normas de bem-estar animal aplicáveis”.

De acordo com Susana Guedes Pombo, os cadáveres das 192.281 aves abatidas na unidade de Santo Estevão “foram eliminados através de enterramento, na exploração afectada e de forma a evitar a contaminação dos terrenos circundantes, tal como previsto na legislação aplicável”.

As cerca de três dezenas de funcionários da exploração de criação de patos foram submetidas a análises específicas para detecção de eventuais vestígios de infecção com o vírus H5N1 (gripe aviária). “O estado de saúde dos trabalhadores da exploração infectada está a ser monitorizado pelas autoridades de saúde, incluindo análises para pesquisa de vírus da gripe aviária, as quais têm sido sempre negativas”, sublinha Susana Pombo, frisando que, apesar do elevado número de focos de gripe aviária de alta patogenicidade do subtipo H5N1 ocorridos no continente europeu e na América do Norte, “apenas foram notificados à Organização Mundial de Saúde dois casos de infecção em pessoas, ambos com sintomatologia ligeira. Nenhuma dessas situações ocorreu em Portugal”, precisou.

A DGAV emitiu uma comunicação, na semana passada, onde anuncia a detecção do foco de gripe aviária na exploração de Santo Estevão e um conjunto de medidas que, para além da eliminação das aves afectadas e da desinfecção de todas as instalações da unidade de produção de patos, inclui “a inspecção e notificação das explorações que detêm aves existentes nas zonas de protecção num raio de 3 km em redor do foco e de vigilância num raio de 10 km em redor do foco”. Catarina Vale, vice-presidente da Câmara de Benavente, já explicou, entretanto, que os serviços camarários estão a acompanhar esta situação e que, no raio de “vigilância” de 10 quilómetros, foram identificadas três explorações comerciais de aves e 11 explorações domésticas que não comercializam os seus efectivos. “Infelizmente aconteceu este foco e a DGAV está a fazer um trabalho extraordinário no terreno. Vamos acompanhar a par e passo os desenvolvimentos, na expectativa de que o foco fique por aqui”, observou a autarca da CDU.

Perante a evidência de “contínua circulação do vírus da gripe aviária”, a Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária apela, também, “a todos os detentores de aves que cumpram com rigor as medidas de biossegurança e as boas práticas de produção avícola, que permitam evitar contactos directos ou indirectos entre as aves domésticas e as aves selvagens. Devem ser reforçados os procedimentos de higiene de instalações, equipamentos e materiais, bem como o rigoroso controlo dos acessos aos estabelecimentos onde são mantidas as aves”, conclui a DGAV.

Esta exploração de criação de patos para comercialização funciona em Santo Estevão há perto de 30 anos e a empresa apresenta-se como o maior produtor de patos da península ibérica. A unidade integra-se numa herdade com cerca de 314 hectares e, para além das naves de criação, possui centro de abate, instalações de frio e armazenamento e estação de tratamento de águas residuais. O PÚBLICO procurou obter mais esclarecimentos sobre o impacto desta situação junto da empresa, mas não obteve resposta.

Sugerir correcção
Comentar