Vacinação sazonal contra a covid-19 e gripe arranca a 7 de Setembro — e já com vacinas adaptadas à Ómicron

A prioridade, pelo menos no início desta campanha, serão as pessoas com 80 ou mais anos de idade e as pessoas “com doenças, ou seja, comorbilidades”. No total, serão vacinados cerca de três milhões de pessoas.

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O plano para a vacinação de reforço contra a gripe sazonal e covid-19 é apresentado esta sexta-feira LUSA/MÁRIO CRUZ

A campanha de vacinação sazonal contra a covid-19 e a gripe arranca no próximo dia 7 de Setembro, anunciou a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, numa conferência de imprensa em Lisboa, esta sexta-feira. Esta nova data representa um atraso de dois dias face ao inicialmente divulgado pela ministra da Saúde cessante, Marta Temido. Contudo, pode ser explicada pela utilização de vacinas adaptadas à Ómicron, cujas doses só deverão chegar a Portugal na terça-feira. A prioridade, pelo menos no início desta campanha, serão as pessoas com 80 ou mais anos de idade e as pessoas “com doenças, ou seja, comorbilidades”, referiu a directora-geral da Saúde.

“Nesta campanha, desde o início, serão utilizadas as vacinas adaptadas contra a covid-19 contendo a estirpe original e a variante Ómicron, aprovadas ontem [quinta-feira] pela EMA, dado que estas vacinas têm um perfil de eficácia e segurança adaptado às actuais variantes de SARS-CoV-2 em circulação”, afirmou Graça Freitas. Isto para quem já está vacinado com pelo menos duas doses: quem ainda não completou o esquema primário de vacinação (isto é, as duas doses iniciais) será vacinado com “as vacinas originais”.

Em relação à gripe, “vamos usar pela primeira vez” uma vacina de “dose elevada”, com composição antigénica “quatro vezes superior à fórmula padrão”, que lhe confere “eficácia superior”, disse Graça Freitas.

Rui Santos Ivo, presidente do Infarmed, destaca que a utilização destas vacinas, aprovadas esta quinta-feira pelo regulador europeu, pretende “alargar o espectro de protecção contra a covid-19” e salienta que os dados disponíveis “indicam que se observa uma melhor resposta imunitária”, isto é, que a “produção de anticorpos contra a Ómicron é superior à observada com as vacinas originais, mantendo a mesma resposta contra a estirpe original”. As reacções adversas são semelhantes às observadas com a vacina original.

As novas vacinas de reforço chegarão ao país no dia 6 de Setembro, garante o coronel Penha Gonçalves, responsável pelo Núcleo de Coordenação de Apoio ao Ministério da Saúde (NCAMS). No primeiro dia, a vacinação estará disponível apenas em “locais limitados”, generalizando-se depois no dia 8 de Setembro. “Neste momento, temos todas as razões para achar que as vacinas vão chegar cá” na data combinada, mas, caso haja algum atraso, o plano terá de ser ajustado.

Quem vai ser vacinado?

Depois de ouvida a comissão técnica da vacinação contra a covid-19 e outros peritos, a DGS recomenda a vacinação sazonal contra a covid-19 para as populações de maior risco.

De acordo com as normas da DGS, vão ser vacinados contra a covid-19:

  • As pessoas com 60 ou mais anos de idade;
  • Residentes e profissionais de estabelecimentos residenciais para idosos e da rede nacional de cuidados continuados;
  • Pessoas com mais de 12 anos “com patologias definidas em norma”;
  • Grávidas com 18 ou mais anos de idade e com “doenças definidas nessa norma”;
  • Profissionais de saúde e prestadores de cuidados.

Já para a gripe, há “pequenas diferenças” nos grupos a vacinar – por exemplo, nas idades.

  • Para a gripe, vacinam-se pessoas com 65 ou mais anos de idade;
  • Pessoas que residem em estabelecimentos residenciais para idosos e rede nacional de cuidados continuados;
  • Vacinação de pessoas com seis ou mais meses de idade – “portanto, crianças também”;
  • Grávidas sem limite de idade;
  • Profissionais de saúde e prestadores de cuidados.

No total, e de acordo com o coronel Penha Gonçalves, serão vacinados cerca de três milhões de pessoas ao longo de 100 dias de vacinação.

As duas vacinas serão administradas preferencialmente ao mesmo tempo, “uma no braço direito e outra no braço esquerdo”, uma vez que esta prática de administração é “segura e efectiva”, afirma a directora-geral da Saúde.

“Isto é o que temos planeado até à data”, diz Graça Freitas. “Vamos continuar a monitorizar atentamente a forma como o vírus se vai distribuir e monitorizar as variantes que poderão circular, e estas estratégias têm capacidade de serem ajustadas.”

No caso da covid-19, só será vacinado quem contar pelo menos três meses de intervalo em relação à última dose ou infecção. “As pessoas elegíveis fazem apenas esta dose, independentemente dos reforços efectuados no passado”, diz Graça Freitas, salientando que, depois das duas doses iniciais, será feito apenas um reforço sazonal. Quem nunca fez um reforço “deve fazê-lo agora” e quem nunca foi vacinado poderá completar agora o esquema primário.

A convocatória será feita utilizando “os mecanismos que já todos conhecem” e Graça Freitas pede para que se aguarde pelo contacto dos serviços de saúde. De acordo com o coronel Penha Gonçalves, cada ponto de vacinação teve liberdade para decidir qual é o melhor meio de convocatória.

Marta Temido, ministra da Saúde cessante, já tinha avançado, na semana passada, que a vacinação de reforço contra a gripe sazonal e covid-19 deverá arrancar na semana que começa a 5 de Setembro. O plano de vacinação está pensado sobretudo para a população mais vulnerável, num contexto em que o Governo antecipa um “aumento da procura de serviços de saúde nos próximos meses”.

Segundo os últimos dados da DGS, 93% da população tem a vacinação completa contra a covid-19, 66% dos elegíveis receberam as vacinas de reforço e 63% dos idosos com 80 ou mais anos tomaram a segunda dose para reforçar a imunização contra o SARS-CoV-2.

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