Uma enorme explosão numa mesquita de Cabul, capital do Afeganistão, durante as orações da noite, fez pelo menos 21 mortos e 33 feridos, confirmou esta quinta-feira Khalid Zadran, porta-voz da polícia nomeado pelos taliban.

Entre os mortos está o imã da mesquita, localizada num bairro na zona Norte de Cabul — no último mês foram assassinados vários líderes religiosos em Cabul e tem havido ataques do mesmo género noutras cidades. A semana passada, lembra a BBC, foi morto o xeque Rahimullah Haqqani, importante líder religioso membro dos taliban; desta vez, a vítima será Amir Muhammad Kabuli, praticante do sufismo, uma linha mística e moderada do islão, alvo frequente dos grupos mais radicais.

​Este ataque ainda não foi reivindicado, mas o Daesh assumiu a autoria do ataque vitimou Haqqani: o atacante detonou explosivos que tinha escondido numa prótese, uma perna artificial de plástico, segundo as autoridades. Haqqani tinha já sobrevivido a vários ataques, incluindo outro reivindicado pelo Daesh, em 2020, numa grande explosão em Peshawar, no Paquistão, em que morreram sete pessoas.

Ao contrário da Al-Qaeda, que mantém relações próximas com os taliban, o Daesh declarou guerra aos taliban e o movimento que regressou ao poder no Afeganistão há um ano tem feito os possíveis para travar o grupo mais extremista. Nas últimas semanas e meses têm sido frequentes os atentados contra a comunidade hazara, uma minoria xiita, atribuídos ou reivindicados pelo Daesh.

Os taliban condenaram este último ataque e prometeram que “em breve, os autores dos crimes serão levados a julgamento e punidos”.​ Segundo relatos de testemunhas, a força de explosão foi tal que fez estilhaçar os vidros de edifícios em redor da mesquita.

A organização não-governamental (ONG) Emergency, que presta cuidados de saúde gratuitos a vítimas de guerra e pobreza, diz ter recebido 27 feridos, entre eles, uma criança de sete anos. Três pessoas acabaram por morrer.

“Na sequência da explosão, foram admitidos 27 utentes no nosso Centro Cirúrgico para Vítimas de Guerra em Cabul, incluindo cinco menores, um deles um menino de 7 anos”, explicou Stefano Sozza, o representante da ONG internacional no Afeganistão. “Duas pessoas chegaram já mortas, uma morreu nas Urgências.”

Esta é a sexta explosão de Agosto em Cabul — e a 16.ª desde o início do ano. Desde Agosto de 2021, mês em que a capital afegã foi tomada pelos taliban, mais de 2000 pessoas feridas por balas ou explosivos foram recebidas no hospital da organização. “O país está a sofrer as consequências de um conflito muito longo que minou o seu futuro”, afirmou Stefano Sozza.