Figueiredo ataca o seu líder e é o novo camisola amarela da Volta

Mauricio Moreira, o ex-camisola amarela, mostrou fragilidade e a Glassdrive, percebendo que não poderia confiar no uruguaio a 100%, permitiu a Frederico Figueiredo seguir montanha acima, mesmo estando a atacar o próprio líder.

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Figueiredo celebra na Volta LUSA/PEDRO SARMENTO COSTA

Não é comum um ciclista atacar o seu próprio chefe de fila, menos ainda quando o líder está de camisola amarela. Mas foi isso que fez Frederico Figueiredo nesta quarta-feira, na etapa 5 da Volta a Portugal, “roubando” a liderança da corrida a Mauricio Moreira, até então o “tirano” indiscutível na equipa Glassdrive.

Sobre uma subida em estreia na Volta, até ao Observatório de Vila Nova, em Miranda do Corvo, Marco Chagas, ex-ciclista, brincava na transmissão da RTP com o alívio de já não correr, uma vez que esta escalada é de dureza brutal. Se Chagas sofreu pelos demais, Mauricio Moreira sofreu por si próprio, perdendo a amarela na zona mais dura da escalada.

E a história não é difícil de contar, já que as etapas montanhosas não têm tido grande complexidade e acção nesta Volta. Sempre com a fuga bem controlada, a Glassdrive encabeçou o pelotão durante boa parte da etapa e “abafou” o grupo de fugitivos a pouco mais de 15 quilómetros da meta, pouco antes do início da subida final.

Na equipa do líder começou Javier Moreno ao trabalho, seguido de Afonso Eulálio, ambos antes da “artilharia” mais pesada: António Carvalho, que deixou o grupo muito reduzido na fase mais dura da subida e preparou o ataque de Frederico Figueiredo.

E foi nesta fase que Mauricio Moreira surpreendentemente não teve pernas para manter o ritmo. O camisola amarela mostrou fragilidade e a Glassdrive, percebendo que não poderia confiar no uruguaio a 100%, permitiu a Frederico Figueiredo seguir montanha acima, mesmo estando a atacar o próprio líder.

Num ápice, o português já estava a “roubar” quase um minuto a Moreira, embora o sul-americano ainda tenha arranjado energia para minimizar as perdas e chegar a “apenas” 37 segundos - chegou, ainda assim, totalmente “vazio”, algo bem visível nas imagens televisivas de Moreira após cruzar a meta.

Na classificação geral, Figueiredo tem agora sete segundos para Moreira, uma vantagem curta para a diferença de predicados entre ambos no contra-relógio. Quer isto dizer que não é claro que a Glassdrive tenha mudado de líder, porque Moreira ganha facilmente sete segundos no “crono” final, mas também dificilmente “cortará as pernas” a Figueiredo, o mais forte para a montanha que ainda aí vem.

Em tese, a equipa dará liberdade a Figueiredo, mas a liderança da Glassdrive, diz o próprio camisola amarela, continua a ser para Mauricio Moreira. “Mudámos de camisola amarela, mas continuamos com o mesmo objectivo: o nosso líder é o Mauricio”, apontou Frederico Figueiredo, de forma clara. Já o ex-camisola amarela foi menos claro, até por possivelmente sentir as limitações físicas que o assombraram nesta quarta-feira: “Felizmente, a amarela está na nossa equipa. É uma alegria que esteja com o Frederico. Para mim, é muito gratificante um colega que dá tudo por mim ter ganho a amarela. Ganhar eu ou um colega é-me igual”.

Para esta quinta-feira está desenhada mais uma etapa para velocistas, com chegada na Maia, presumível em pelotão compacto.

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