Histórias do Tour: O festival do escanção

Durante toda a Volta a França, o PÚBLICO traz histórias e curiosidades sobre equipas e ciclistas em prova.

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Duchesne, de microfone na mão, a fazer o seu "festival" DR

Na segunda-feira falou-se da alcunha exagerada de Antoine Duchesne, mas este canadiano pouco impactante no plano desportivo é alguém com bastante riqueza extra-ciclismo. Justifica, por isso, um novo destaque.

Em Duchesne, o ciclismo tem um potencial escanção – ou sommelier, dirão os responsáveis gauleses da Groupama. “Interesso-me muito por vinho. Quando eu tinha 18 anos, o meu melhor amigo começou a estudar vinho e arrastou-me para isso: ler, beber e descobrir. Quando vivia no Quebeque, a minha casa era por cima de um restaurante e dividia o andar com o chef e o escanção”, contextualiza o ciclista que já entrou em cursos específicos nesta área.

E vai mais longe: “Sempre que tinha tempo livre, ia até à vinha local e trabalhava lá nas férias. Quero aprender e ainda hoje é lá que vou entre corridas, quando tenho tempo”.

Mas “Tony, the tiger” é mais do que um fã de vinhos. Sempre descontraído, o ciclista da Groupama proporciona sempre que pode “festivais do escanção” – pelo menos, já o fez nesta Volta a França e a equipa francesa sugere que o faz regularmente, sendo o animador de serviço no plantel.

Na apresentação das equipas, não teve pudor em pegar no microfone no palco, “roubar” o espectáculo e provocar os presentes em Saint-Étienne com a forte rivalidade com a cidade de Lyon (vídeo em baixo). “Em Lyon fazem melhor”, provocou, após os gritos que ia pedindo ao público de Saint-Étienne lhe parecerem insuficientes.

Curiosamente, foi esta veia de descontraída que o ajudou no início da carreira. “A minha irmã foi para o ciclismo e eu, que não consegui entrar na equipa local de basquetebol, um dia fui ver uma prova dela e quis entrar também. Comecei, mas perdia com as raparigas. Durante dois anos era ultrapassado por todas”, contou.

E explicou o benefício desse lado “tagarela": “Depois de dar o salto, por volta dos 15/16 anos, estava numa prova júnior da UCI e estava lá a selecção francesa. Como falo muito, meti conversa com eles – até porque não sabia dizer uma palavra de inglês. No Inverno estava a falar com um amigo que fiz nessa selecção francesa e perguntei se não podia ir correr com eles no ano seguinte. Eles pagaram-me o voo, deram-me uma bicicleta e foi assim que cheguei à Europa”.

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