Comunidade cigana em Vila Verde entrega-se às piruetas do breakdance

Um projecto de inclusão social usa a cultura como forma de integração das comunidades ciganas do concelho de Vila Verde. Está no terreno há cerca de uma década, tempo suficiente para terem surgido os primeiros b-boys dentro da comunidade

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João celebra o seu décimo primeiro aniversário e isso é motivo para festa rija numa das áreas residenciais da vasta comunidade cigana do concelho de Vila Verde. Das imediações, chegaram dezenas de amigos e familiares para assinalarem o momento à volta de uma mesa montada no pátio da casa onde vive com a família. E uma celebração completa não se faz sem música. Mas já se ouve uma melodia com ritmo convidativo, por isso, é apenas uma questão de tempo até surgirem os primeiros passos de dança.

Numa altura em que as velas já foram sopradas pelo aniversariante e o bolo já foi cortado, dos altifalantes de um sistema de som sai uma base musical vincadamente conectada com as raízes dos convidados. As mulheres tomam a dianteira e avançam para uma pista de dança improvisada em coreografia que parece ter sido ensaiada ao longo de uma vida inteira. Para acentuar a batida usam-se as mãos, que batem palmas, qual metrónomo, sempre no tempo certo. Forma-se uma roda de pessoas e o centro é ocupado alternadamente por alguém que toma o lugar de protagonismo de forma a destacar os seus movimentos. Cada uma na sua vez, ninguém fica de fora do holofote.

João faz parte de um grupo maior de adolescentes e jovens ciganos que aderiram ao projecto que, inicialmente, começaria em 2019, mas, por força da pandemia, foi adiado até 2021. Esta vertente do Cultura Para Todos orientada para os mais novos — existem outras direccionadas para os mais velhos — termina em Dezembro. Mas a génese desta iniciativa nasceu já há cerca de uma década no Centro Comunitário de Prado, uma valência da Cruz Vermelha da delegação de Braga, que leva a cabo outras actividades para a integração da comunidade cigana de Vila Verde.

Ao leme deste projecto específico está André Silva, ou Hércules, como é conhecido no meio, que é b-boy de um grupo do Porto, a Momentum Crew. Foi através dele que outros membros da comunidade, na altura ainda crianças, agora já maiores de idade, começaram a aprender os passos de breakdance — nome popularizado pelos media de um género de dança, parte da cultura hip-hop nascido nos Estados Unidos, cuja designação oficial é, na verdade, breaking, como explica André Silva ao PÚBLICO. Em 2024 entrará pela primeira vez no Jogos Olímpicos de Paris como modalidade.

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