Movimento alerta para “risco” de banhos em praias fluviais de Gaia e Gondomar

O #MovRioDouro critica as autarquias de Gondomar e de Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, por instalarem equipamentos e disponibilizarem nadadores-salvadores.

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O autarca de Gondomar sublinhou que as praias de Melres e da Lomba estão classificadas Fernando Veludo / Arquivo

O #MovRioDouro inicia no sábado uma acção de sensibilização pelas praias do Douro para alertar as pessoas para a qualidade da água do rio, indicou nesta sexta-feira o movimento, destacando situações de “risco” em Gaia e em Gondomar. No convite para o início da campanha, o movimento refere que “existe risco de saúde e que a própria Agência Portuguesa do Ambiente (APA) desaconselha os banhos” em algumas praias fluviais do Douro.

O #MovRioDouro critica as autarquias de Gondomar e de Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, por instalarem equipamentos e disponibilizarem nadadores-salvadores, “fazendo passar a ideia de que está tudo pronto para que as pessoas possam tomar banho à vontade no rio”. “O aviso [sobre banhos desaconselhados] à entrada da praia é minúsculo e por isso vamos voltar a colocar uma faixa de quatro metros e distribuir folhetos”, refere o movimento, que inicia esta campanha, no sábado, na praia do Areinho de Oliveira do Douro, junto ao Freixo, em Gaia.

No convite, o #MovRioDouro faz referência a campanha idêntica que realizou no ano passado, apontando que “nada mudou desde então, a não ser que este ano há mais uma praia classificada: a de Melres, em Gondomar”. “Estranhamos, devido à qualidade da água no Douro actualmente”, refere. A agência Lusa contactou a APA e aguarda resposta. Já o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, disse à Lusa que “não detectou, este ano e até ao momento, quaisquer análises negativas à qualidade da água” nas praias fluviais deste concelho.

O autarca sublinhou que as praias de Melres e da Lomba estão classificadas, lamentou que Zebreiros tenha “perdido a classificação por causa de uma lei que sanciona exageradamente a orla fluvial face à marítima” e confirmou que a autarquia aloca meios de segurança às praias fluviais. “É lamentável a postura destes movimentos que criam o pânico e o alarme. As autarquias metem nadadores-salvadores nas praias para acautelar mortes. Está tudo autorizado pela Autoridade Marítima. Porque as pessoas vão de qualquer forma a banhos e pior seria se não existisse segurança. Este ano não tivemos análises negativas em nenhuma praia”, referiu Marco Martins.

Também a Câmara de Vila Nova de Gaia, em resposta escrita enviada à Lusa, lembrou que “a garantia da qualidade da água para banhos nos areinhos, principalmente nas zonas mais urbanas como é o caso do de Oliveira do Douro, não depende apenas das acções de um município, mas de vários, bem como de diferentes entidades, uma vez que o rio Douro é comum a vários territórios e para ele convergem diferentes linhas de água”.

Citando a legislação, a autarquia de Gaia refere que em causa está uma “zona de fruição pública e de lazer” e não uma “praia fluvial”, que é dentro dessa designação que dá cumprimento à lei e que é com o objectivo de aumentar a segurança que aloca ao local recursos. “O município, através da Águas de Gaia, em coordenação com a Autoridade Marítima, decidiu colocar nadadores-salvadores. Desde que o fez, em 2014, não ocorreram mais mortes por afogamento, o que é, sem dúvida, um progresso bastante significativo e que deve ser relevado”, referiu.

Na mesma resposta, a autarquia de Gaia considera que “a intervenção cívica que possa contribuir positivamente para uma boa informação da população nunca será criticável”, mas “desde que esta seja eficaz e não tenha objectivos de criar alarmes desnecessários e desinformação dos frequentadores destes espaços de lazer”.

Quanto à qualidade da água, a Câmara de Gaia refere que faz análises analíticas e biológicas à água “com muita regularidade, recorrendo a laboratórios independentes e certificados”. “Os parâmetros estão dentro dos permitidos por lei e aconselhados em zonas de banhos por pessoas”, conclui.

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