No México, um presidente de câmara casou-se com um jacaré

A cerimónia aconteceu esta quinta-feira (30) e remonta aos tempos pré-hispânicos, entre as comunidades indígenas Chontal e Huave, do estado de Oaxaca, como uma oração que apela à generosidade da natureza.

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O presidente da câmara municipal da pequena cidade mexicana de San Pedro Huamelula casou-se com um jacaré fêmea numa cerimónia cheia de cor, ao som de música tradicional e enquanto os convidados dançavam e imploravam ao líder indígena que selasse a união com um beijo.

Durante o casamento desta quinta-feira, 30 de Junho, o presidente, Victor Hugo Sosa, inclinou-se mais do que uma vez para plantar os seus lábios no focinho do pequeno animal, que tinha sido atado para, presumivelmente, evitar mordidelas indesejadas.

É provável que o casamento ritualístico remonte a tempos pré-hispânicos entre as comunidades indígenas de Oaxaca, Chontal e Huave, como uma oração que apelava à generosidade da natureza.

“Pedimos à natureza chuva suficiente, comida suficiente, que tenhamos peixe no rio”, disse Sosa, presidente da pequena aldeia piscatória, situada na costa do Pacífico. Oaxaca é uma cidade localizada na zona pobre do Sul do México, uma das mais ricas em cultura indígena e lar de muitos grupos que teimaram em manter as suas línguas e tradições.

O ritual secular em San Pedro Huamelula, agora misturado com a espiritualidade católica, envolve vestir o jacaré com um vestido de noiva branco e outras peças de vestuário coloridas.

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Acredita-se que o réptil de sete anos, conhecido como “uma pequena princesa”, é uma divindade que representa a mãe Terra e o seu casamento com o líder local simboliza a união dos humanos com o divino.

Enquanto os trompetes berravam e os tambores conferiam um ritmo festivo, os habitantes carregaram a noiva nos braços pelas ruas da aldeia, enquanto homens lhe colocavam os seus chapéus.

“Dá-me tanta felicidade e deixa-me orgulhosa das minhas raízes”, disse Elia Edith Aguilar, conhecida como a madrinha que organizou o casamento.

Elia disse sentir-se privilegiada por lhe ter sido confiada a realização da cerimónia, e acrescentou que passou muito tempo a preocupar-se com o que a noiva iria vestir. “É uma tradição muito bonita”, acrescentou, com um sorriso.

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