Na sua crónica da passada segunda-feira, dia 16 de Maio, neste jornal, Carmo Afonso desenvolveu o argumento de que a esquerda não encontra na guerra da Ucrânia nenhum reduto onde se possa instalar e procurar aí uma identificação política. Porquê? Porque, diz a autora, “é uma guerra entre direitas”. É louvável e até um pouco temerária esta tentativa para introduzir alguma ordem e orientação naquilo que tem sido a desorientação generalizada da esquerda (não me refiro apenas ao Partido Comunista Português), um pouco por todo o lado, na sua reacção a esta guerra e na relação com as duas partes em conflito. Mas utilizar as categorias de esquerda e direita para analisar e representar as coordenadas essenciais deste conflito é inadequado e incapaz de penetrar em zonas para as quais não serve o léxico conceptual da tradição.
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