Francisco Assis diz que existem “responsabilidades públicas” no vício da “raspadinha”

O Conselho Económico e Social lançou um estudo sobre o perfil dos apostadores da “raspadinha” e quer averiguar se existe uma relação entre a compra desta lotaria e a dependência em relação ao jogo.

Foto
Portugal é o país da Europa com maior gasto per capita em raspadinhas, o que representa mais do dobro da média europeia Nelson Garrido

O presidente do Conselho Económico e Social (CES), Francisco Assis, considera que existem “responsabilidades públicas” em relação ao vício da “raspadinha” e espera que existam consequências e “decisões” caso se confirme que existe um “problema sério” de dependência, em especial entre as classes mais desfavorecidas.

No lançamento do estudo lançado pelo CES em parceria com a Universidade do Minho, Francisco Assis explicou que o objectivo não é “impor uma cura” caso se concluam que existe uma patologia no consumo desta lotaria instantânea, mas sim garantir que “as entidades têm noção” do que está em causa.

Francisco Assis vincou que, embora existam já alguns estudos, este é inédito uma vez que incluirá exames médicos para aferir possíveis traços de dependência. E insistiu na importância de tomar decisões fundamentadas. “Em Portugal, temos um problema sério ao nível da falta de estudo e rigor” o que "enfraquece o país como um todo” e torna-o “demasiado dependente do Estado”, considera. “Há um défice de rigor em todo o processo da decisão política em Portugal”, criticou, enquanto assumia a sua “visão tecnocrata” da política.

Para Francisco Assis, o facto de o CES não ter “nenhuma capacidade de decisão” é “uma vantagem”, uma vez que “não tem agenda” política e que por isso admite que as percepções discutidas até possam ser desmentidas. “Até ficaríamos felizes se tudo fosse desmentido. Mas se se concluir que se trata de uma situação de saúde mental, é preciso que isso seja divulgado e tenho a expectativa de que algumas decisões sejam tomadas”, disse.

“O CES tem várias funções, mas uma das que tenho mais valorizado é a de nos aproximarmos da sociedade civil em todos os sentidos. Podemos ser um fórum de aproximação da sociedade civil no espaço público português”, afirmou, assinalando a intenção conquistar um papel mais activo para o conselho que lidera, nomeadamente através da produção de estudos sobre temáticas que carecem de debate na sociedade. Em entrevista ao PÚBLICO e à Renascença, Francisco Assis já tinha antecipado a intenção de lançar um estudo em torno da questão da produtividade do país.

A intenção de promover o estudo tinha já sido avançada há um ano — aquando a criação da “raspadinha” do Património mas a dificuldade de financiamento e a dissolução do Parlamento acabaram por adiar o arranque da investigação. Segundo o presidente do CES, as conclusões do estudo serão, num primeiro momento, divulgadas ao Governo e posteriormente ao Presidente da República e grupos parlamentares.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários