As vacinas são seguras? Como sabemos?

Mesmo depois da aprovação e introdução no mercado, a segurança das vacinas é monitorizada diariamente, através de informação de múltiplas fontes.

Sim, as vacinas são seguras. À semelhança de outros medicamentos, as vacinas são amplamente testadas antes da sua aprovação. Os padrões de segurança das vacinas são particularmente elevados, visto que são habitualmente administradas a um número elevado de indivíduos em curto espaço de tempo, indivíduos esses saudáveis e, muitas vezes, crianças.

É no laboratório que se inicia o processo de avaliação, com o desenvolvimento de uma substância candidata. Quando os resultados são promissores, passa-se aos ensaios clínicos, em humanos, que decorrem em três fases, com inclusão progressiva de mais indivíduos. Na última fase, a vacina é administrada a milhares de pessoas, permitindo avaliar a sua eficácia e segurança. Os resultados destes estudos permitem aos reguladores, como por exemplo o Infarmed, em Portugal, decidir se irão aprovar uma nova vacina.

Mas os estudos não terminam com a aprovação e a introdução no mercado da nova vacina. A segurança das vacinas é monitorizada diariamente, através de informação de múltiplas fontes. Um dos sistemas mais utilizados é o de notificação passiva, onde profissionais de saúde, pessoas vacinadas ou os seus cuidadores podem reportar efeitos indesejáveis. Em Portugal, este reporte é realizado através do Portal RAM e a informação é depois analisada por peritos e combinada a nível nacional e internacional.

Sempre que há suspeita de um novo efeito, este é estudado em mais detalhe. Investigadores em todo o mundo desenvolvem estudos e os reguladores acompanham esta informação. Com frequência, estes efeitos são identificados como sendo uma coincidência temporal, ou seja, teriam acontecido mesmo sem a vacina, outras vezes verificam-se problemas com o processo de produção, armazenamento ou administração, que são corrigidos. Mais raramente, a vacina é responsável pelo efeito indesejável. Quando isso acontece, os reguladores e autoridades de saúde podem rever os critérios para administração da vacina em questão ou até decidir retirar a vacina do mercado. Por exemplo, no final dos anos 90 foi levantada a possibilidade de as vacinas contra o sarampo provocarem autismo. Foram realizados vários estudos rigorosos e de qualidade em múltiplos países que demonstraram não existir ligação entre estas vacinas e o autismo.

Dizer que as vacinas são seguras não é sinónimo de dizer que são isentas de efeitos indesejáveis. Tal como os restantes medicamentos, as vacinas podem levar a efeitos indesejáveis. Estes efeitos são habitualmente ligeiros e de curta duração, tal como dor ou vermelhidão no local da injeção, ou dor de cabeça. Existem outros eventos mais graves que são extremamente raros. Por outro lado, as doenças prevenidas pelas vacinas têm riscos de complicações. Ao decidir aprovar uma vacina, os peritos avaliam se os benefícios de prevenir a doença e as suas complicações superam o risco da própria vacina.

E para as vacinas contra a covid-19? Como foi possível desenvolver as vacinas em tão curto espaço de tempo mantendo os padrões de segurança elevados? Os passos seguidos para o desenvolvimento das vacinas contra a covid-19 foram semelhantes aos das outras vacinas. O conhecimento prévio da tecnologia utilizada, a alocação de mais recursos e uma revisão rápida de todos os dados disponíveis aceleraram o processo. Para além disso, os sistemas de monitorização da segurança foram reforçados em todo o mundo. Sabemos que as vacinas contra a covid-19 são seguras e, sobretudo, que são mais seguras do que ter covid-19.

As vacinas salvam vidas e são seguras. Proteja-se e proteja os seus. Siga as recomendações de vacinação!

A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico

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