Arquitectura

A Casa do Areeiro “vem da própria terra” para “desaparecer na paisagem”, em pleno Mondego

No Areeiro, Coimbra, nasceu no ano passado uma casa cuja “arquitectura de contexto” acaba por desaparecer na “paisagem em benefício do lugar”. Um projecto de João Mendes Ribeiro.

José Campos
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José Campos

Numa encosta para o rio Mondego, em Coimbra, encontra-se no meio da vegetação uma habitação minimalista: a Casa do Areeiro. É da autoria do arquitecto português João Mendes Ribeiro e valeu-lhe o Prémio Municipal de Arquitectura Diogo Castilho em 2021.

Numa entrevista por e-mail, João Mendes Ribeiro conta que a principal ideia era construir uma casa com uma “arquitectura de contexto” que desaparecesse na “paisagem em benefício do lugar”. Após um “estudo aprofundado” da “topografia acentuada e enquadramento paisagístico”, a habitação, com apenas um piso e acessível através de uma rua estreita, foi implantada num “terreno de família com características” que o arquitecto tenta “sublinhar”.

Tal é conseguido com a “construção estreita, rectangular e alongada”, como está escrito na memória descritiva da Casa do Areeiro, e com a cobertura ajardinada, visível nas fotografias de José Campos, que, segundo o arquitecto, “permite continuar com a leitura do vale e do rio Mondego”. Servindo como “o principal alçado que serve de entrada para a entrada”, este elemento “oculta a casa a partir do exterior”. Assim, a casa apresenta “dois lados totalmente distintos”: é “oculta do lado da rua” e é “presente para o interior do jardim”, fazendo com que “todas as divisões tenham uma relação forte com a paisagem”.

Para além do hall de entrada, a sala de estar, a cozinha e outras divisões, a casa contém ainda uma oficina. João Mendes Ribeiro refere que esta área constava no “programa do dono da obra”, que desejava ter um “espaço capaz de satisfazer o desenvolvimento de alguns hobbies”, como “a construção de pequenas peças de madeira e ensaios electrotécnicos”. Desta forma, decidiu destacar este espaço de maneira a “sublinhar o seu lado mais oficinal”, assim como “permitir o isolamento quando necessário”.

Pautada pela “simplicidade”, a Casa do Areeiro “tem aquilo que é estritamente necessário para o conforto e caracterização dos diferentes espaços”, afirma João Mendes Ribeiro. Esse minimalismo também se nota nos materiais utilizados, como a madeira lamelada nos caixilhos, o microbetão em todos os pavimentos, o betão nas paredes e os tectos “revestidos pelo exterior a reboco à base de cal aérea e pigmentos minerais”. Aliás, a aplicação deste revestimento foi, para João Mendes Ribeiro, o “maior desafio”, tendo sido executadas “várias amostras para aproximação à cor da terra na tentativa de fazer uma arquitectura que venha da própria terra”.

Texto editado por Amanda Ribeiro

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