Canções, groove e mangas de camisa: este doce e surpreendente aroma a Fumo Ninja

Norberto Lobo escreveu canções para Leonor Arnaut, imaginou-as em quarteto e, com Ricardo Martins e Raquel Pimpão, nasceu uma banda deliciosamente inclassificável. Fantasia pop, groove surrealista, canção redonda e improvisação. Olhos de Cetim é imperdível.

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JOÃO HASSELBERG

É um lugar deliciosamente indefinido, este onde estamos. Uma voz que nos rodeia, manipulada, filtrada por efeitos que acentuam um abandono onírico. Uma banda que caminha com segurança e evidente prazer nos passos do groove e da melodia, com a secção rítmica certeira na elegância da dança e os teclados a colorirem o cenário com Rhodes estelar, com sons amplos como mancha impressionista ou neblina sci-fi. São canções para corpos que dançam e para mentes que divagam, matéria pop que aprecia desvios a caminhos previsíveis, produção com sugestões nu-soul, balanço funk em ritmo dolente, surrealismo dub e aventureirismo space jazz com leveza de bola de sabão (que, muito adequadamente, faz “pop!” ao rebentar). Canções que, resumidamente, são matéria muito concreta embora, ao mesmo tempo, pareçam gravitar fora deste mundo. Entremos Fumo Ninja dentro sem nada a temer. Inspiremos. A recompensa é instantânea.

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