Trinta anos depois de Sarajevo, UHF lançam Ucrânia Livre contra a guerra ditada por Putin

Foi há três décadas que os UHF lançaram uma canção chamada Sarajevo, em resposta à guerra que eclodira na antiga Jugoslávia, reacendendo antigos ódios e semeando a morte às portas da Europa. Começava assim: “Diz-me que este Verão foi mentira/ Nada disto está a acontecer/ Sarajevo, um alvo nas miras/ E os polícias do mundo estão a ver”. Essa canção viria a integrar o álbum Santa Loucura, editado em 1993. Agora, passados trinta anos, os UHF pegaram nessa música e a partir dela fizeram Ucrânia Livre, canção em apoio da Ucrânia e condenando a invasão ditada por Putin. Começa assim: “Diz-me que este Inverno é mentira/ A velha ordem quer regressar/ A loucura na ponta das miras/ O invasor não pode passar.” E o refrão diz: “Ucrânia livre/ Que a guerra devora/ De pé resiste/ Na velha Europa/ Ucrânia livre/ Ucrânia livre – vencerá.” O videoclipe, com imagens da resistência e a letra em português e ucraniano (publicada também na íntegra no texto que o acompanha), foi lançado esta sexta-feira e, segundo os autores, os fundos obtidos com a canção “revertem para as acções de apoio à Ucrânia”. 

A justificar esta iniciativa, na linha de outras que têm movido os UHF, o seu fundador e vocalista, António Manuel Ribeiro, divulgou um texto que reproduzimos na íntegra: “Há 30 anos, reagi à estupidez de uma guerra fratricida, que destruiu os corações e revolveu as cidades dos Balcãs: eram vizinhos contra vizinhos num genocídio étnico-religioso que nos trazia o Holocausto de volta: Sarajevo (verão de 92) foi a canção que escrevi. A ideia tomou a minha consciência quando Portugal, e outros países europeus, receberam os órfãos que uma ponte aérea ia retirando da Jugoslávia. Trinta anos passados, a besta regressou à Europa com o seu cortejo de artefactos bélicos, discursos enviesados e semântica burlesca para consumo da idiotia. Para justificar o inaudito, há quem reconfigure ideologias e razões geoestratégicas. Patético, excepto para os refugiados, mulheres e crianças a chorar (outra vez) na TV, porque os homens ficam para defender a sua pátria, a casa de um povo. Ucrânia Livre é o meu contributo para minimizar o esforço de todos (os direitos de autor da canção serão entregues para auxílio aos refugiados), para que o Mundo Livre não esqueça que a pata cardada não pode esmagar o desígnio de um povo. Que a canção desperte o melhor que o ser humano tem: solidariedade, amor fraterno, equilíbrio, paz.”