Quarto jornalista assassinado no México este ano

O primeiro mês do ano chegou ao fim com pelo menos quatro assassinados. Para os jornalistas mexicanos, a violência “é uma constante” e não depende de quem está no poder, diz o Comité para a Protecção de Jornalistas.

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A jornalista Lourdes Maldonado foi morta na cidade fronteiriça de Tijuana Reuters

No país mais mortífero do mundo para jornalistas, o quarto ataque do ano chegou nas últimas horas de Janeiro. Roberto Toledo, de 55 anos, estava na garagem do seu escritório, em Zitácuaro, estado de Michoacán, quando três homens armados dispararam contra si a curta distância. Ainda foi hospitalizado, mas morreu pouco depois de ter sido atravessado por oito balas.

“Exibir a corrupção de governos corruptos, de funcionários e políticos corruptos, levou hoje à morte de um dos nossos companheiros”, condenou, num texto divulgado nas redes sociais, o director do portal digital Monitor Michoacán, Armado Linares. Em estados como Michoacán, escreve o diário espanhol El País, faz-se jornalismo com muito poucos meios e salários muito baixos: o Monitor é um pequeno blogue de notícias local que denunciou em várias ocasiões a corrupção do poder em Zitácuaro, cidade de 150 mil habitantes.

Segundo Linares, ele e as outras pessoas que ali trabalham recebem há meses ameaçadas de morte. “Hoje, essas ameaças cumpriram-se”, lamentou.

O Governo reagiu através de um porta-voz, garantindo que o assassínio não ficará impune – a frase que se repete a cada nova morte de um jornalista – e a Procuradoria de Michoacán abriu uma investigação. Como em casos anteriores, os jornalistas do Monitor Michoacán tinham activado o chamado mecanismo de protecção de jornalistas, contactando a secretaria de Governação e alertando sobre o risco que corriam.

O assassínio de Roberto Toledo acontece uma semana e meia depois das mortes de Margarito Martínez, Lourdes Maldonado e José Luis Gamboa, os dois primeiros jornalistas assassinados em Tijuana, o terceiro em Vera Cruz.

O Comité para a Protecção de Jornalistas contabiliza 138 jornalistas assassinados no México entre 1992 e 2021. Os números recolhidos pela organização mexicana defensora da liberdade de expressão Artículo 19 são maiores: 145 desde 2000.

Numa conversa recente com o El País, Jan-Albert Hootsen, representante do Comité no México, notava que o país é o único onde os níveis de violência contra os jornalistas se mantêm inalterados com governos diferentes. “A violência é uma constante. A conclusão, depois de três anos de Governo de López Obrador, é que não só não se resolveram os casos de dezenas de assassínios de jornalistas e activistas como se fez muito pouco para os prevenir.”

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