The star “Chicão” is born?

A melhor hipótese de Rio, para conseguir maioria no caso de vencer as eleições, é que o “irmão” Rodrigues dos Santos não desapareça em combate a 30 de Janeiro. Se o esforço que “Chicão” está a fazer nos debates se traduzir em votos, talvez tenham sorte os dois.

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Após falhar uma coligação com o PSD, Rodrigues dos Santos quis vincar diferenças em relação ao partido de Rui Rio Rui Gaudencio

Para um líder quase morto de um partido quase extinto, Francisco Rodrigues dos Santos foi uma excelente surpresa no debate com Rui Rio – e só não ganhou porque Rui Rio esteve bastante melhor do que nas suas aparições nos anteriores frente-a-frente.

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Para um líder quase morto de um partido quase extinto, Francisco Rodrigues dos Santos foi uma excelente surpresa no debate com Rui Rio – e só não ganhou porque Rui Rio esteve bastante melhor do que nas suas aparições nos anteriores frente-a-frente.

A verdade é que o líder do CDS, que deu o tudo por tudo para conseguir uma coligação com o PSD vista quase como um “balão de oxigénio”, está a lutar pela sobrevivência do partido com garra e consistência. E estas duas palavras nunca tinham sido antes ouvidas no percurso político de Rodrigues dos Santos desde que foi eleito presidente do CDS.

Rui Rio garantiu que, se vencer as eleições, o CDS será o primeiro partido com quem irá falar. Foi paternalista quanto baste – o que se compreende no contexto – e até acabou a dizer, a rir, que “aconselha o voto no CDS a quem não quiser votar no PSD”.

Mas Francisco Rodrigues dos Santos marcou bem as diferenças com Rui Rio, apontando os acordos que o líder do PSD fez com António Costa para a extinção dos debates quinzenais ou para a nomeação da CCDRs (Comissões de Coordenação Regional). O voto no CDS “é o único que garante que o voto não vai para António Costa”.

Na verdade, apesar de terem sido partidos quase irmãos ao longo da democracia, Rui Rio fez questão de insistir com o reposicionamento do PSD ao centro, afirmando que o debate desta sexta-feira na TVI era entre “um partido de centro”, o PSD, e “um partido de direita”. Essa alegada divisão favorecia ambos e “Chicão” atirou a Rio a sua defesa pessoal da eutanásia, matéria limite para o CDS.

Rio acabou a dizer que o PSD também era contra a eutanásia mas que, como prezava muito a liberdade, até o seu presidente podia discordar da maioria – e votar a favor. Francisco Rodrigues dos Santos replicou com oportunidade que, ao votar contra o referendo, Rui Rio “dá liberdade aos deputados do PSD mas não dá liberdade aos portugueses”.

Os dois estiveram de acordo em atacar o Governo PS pela renacionalização da TAP. Rui Rio referiu-se ao “sugadouro”, uma TAP “que não pode ficar assim, só serve Lisboa” e que custou em média 300 euros a cada português tem que ser outra vez privatizada. Mas em desacordo na Educação: Rui Rio não concorda com o “cheque ensino” que permite aos pais dispensarem a escola pública e colocarem os filhos na escola privada à sua escolha – de forma gratuita – enquanto Rio acha que a “responsabilidade do Estado é ter uma escola pública de qualidade e não tirar as crianças da escola pública”.

Rui Rio gostou do vídeo de Natal que Francisco Rodrigues dos Santos fez e em que o líder do PSD aparecia retratado como “o irmão desaparecido em combate”: “Um vídeo engraçado, bem feito”, disse no debate. A sua melhor hipótese, para conseguir maioria no caso de vencer as eleições, é que o irmão Rodrigues dos Santos não desapareça em combate a 30 de Janeiro. Se o esforço que está a fazer nos debates se traduzir em votos, talvez “Chicão” (e Rio) tenham sorte.