Modatex associa-se a projecto que visa combater os estereótipos de género nas profissões

O estudo IgualPro é promovido pela Comissão para Igualdade no Trabalho e no Emprego e tem a duração de três anos. Participam oito instituições nacionais e uma norueguesa.

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A profissão de costureiro está associada a estereótipos de género Daniel Rocha

Costura, alfaiataria, modelação e vitrinismo são algumas das formações promovidas pelo Modatex — muitas vezes associadas a estereótipos de género. O Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confecção e Lanifícios e é, por esse motivo, uma das nove entidades a associar-se ao projecto IgualPro, que visa desconstruir a ideia de que há géneros associados às escolhas profissionais.

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Costura, alfaiataria, modelação e vitrinismo são algumas das formações promovidas pelo Modatex — muitas vezes associadas a estereótipos de género. O Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confecção e Lanifícios e é, por esse motivo, uma das nove entidades a associar-se ao projecto IgualPro, que visa desconstruir a ideia de que há géneros associados às escolhas profissionais.

O projecto IgualPro é promovido pela Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE), para “combater a segregação sexual nas escolhas educativas e vocacionais de raparigas e rapazes e a consequente segregação das suas escolhas profissionais”, explica o centro, em comunicado. A ideia é desconstruir o estereótipo de que a profissão de costureira tem de estar associada a uma mulher, por exemplo, ou que o alfaiate tem de ser um homem.

Foram convidados a participar, pelo CITE, nove centros de formação profissional que leccionem as profissões mais lesadas. O objectivo do estudo científico é confirmar se existe mesmo segregação nas escolhas. Além do Modatex — com centros de formação no Porto, em Lisboa, na Covilhã, em Barcelos e em Vila das Aves — estão incluídas mais sete instituições nacionais: o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES); o Centro de Formação Profissional para o Comércio e Afins (CECOA); o Centro de Formação Profissional da Indústria Electrónica, Energia, Telecomunicações e Tecnologias da Informação (CINEL); o Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica (CENFIM); e o Instituto de Educação Técnica (INETE). A nível internacional participa o centro Odal Naeringshage Utvikling, na Noruega.

Durante três anos, o estudo — que ainda está na fase de recolha de dados — irá observar as escolhas dos jovens, participar na criação e implementação de um currículo no âmbito das metodologias transformadoras de género e criar um kit de ferramentas para formadores. As conclusões serão partilhadas futuramente numa campanha de sensibilização direccionada dos jovens, como forma de auxiliar nas escolhas profissionais.

Para o director do Modatex, José Manuel Castro, a oportunidade de participar neste estudo enquadra-se nos objectivos da instituição de promover “um maior esclarecimento juntos dos jovens sobre cada saída profissional, contribuindo, assim, para o aumento de qualificações de todos, independentemente do género”, refere no mesmo comunicado. “A redução de estereótipos de género no mercado de trabalho” passa também por “garantir que todas as pessoas que se candidatam ao mercado de trabalho detêm as qualificações e formação necessária para o exercício das profissões”, acrescenta.

A segregação de educação e no mercado de trabalho continua a ser uma realidade em Portugal e em todo o mundo. Os últimos dados compilados pelo Instituto Europeu para a Igualdade de Género, divulgados em 2020, referentes ao território nacional em 2018, dão conta que 84 % dos especialistas nas Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) são homens, em comparação com apenas 16% de mulheres. Já no que toca, por exemplo, a educação, saúde, assistência social, humanidades ou artes é o sexo feminino a dominar estas temáticas — 40% das mulheres estuda uma destas áreas em comparação com apenas 19% dos homens.