Activistas pró-democracia de Hong Kong condenados a penas de até 14 meses de prisão

Oito membros do movimento que contesta a repressão chinesa no território foram condenados por terem participado e organizado uma vigília em memória das vítimas do massacre de Tiananmen no ano passado.

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O ex-deputado Leung Yiu-chung (segundo a partir da esquerda) à chegada ao tribunal onde ouviu a sentença de nove meses de prisão por ter participado na vigília do ano passado JEROME FAVRE / EPA

Oito activistas pró-democracia de Hong Kong vão cumprir penas que vão até aos 14 meses de prisão por terem organizado e participado na vigília de homenagem, no ano passado, aos mortos no massacre de Tiananmen de 1989.

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Oito activistas pró-democracia de Hong Kong vão cumprir penas que vão até aos 14 meses de prisão por terem organizado e participado na vigília de homenagem, no ano passado, aos mortos no massacre de Tiananmen de 1989.

As sentenças foram conhecidas esta segunda-feira, dias depois de várias personalidades do movimento pró-democrata terem sido condenadas pelo envolvimento nas vigílias que tinham sido proibidas pelas autoridades, que alegavam a preocupação com a evolução da pandemia. Os organizadores da acção – um marco muito importante no calendário político de Hong Kong – dizem que a proibição serviu apenas para travar a comemoração de um momento histórico incómodo para Pequim.

Todos os anos, Hong Kong é palco de enormes vigílias no Victoria Park na noite de 4 de Junho para assinalar o aniversário do massacre na Praça de Tiananmen, quando o Exército chinês avançou sobre uma manifestação de estudantes anti-regime. O episódio foi totalmente silenciado na China – ainda hoje desconhece-se a verdadeira magnitude da repressão –, mas em Hong Kong sempre foi recordado.

No ano passado, porém, a homenagem foi proibida pelas autoridades locais no contexto das medidas de contenção epidemiológica relacionadas com a pandemia da covid-19. Ainda assim, foi organizada uma vigília pelos grupos que têm estado na linha da frente na contestação ao cada vez maior controlo de Pequim sobre o território.

Entre os visados pelas condenações estão o empresário Jimmy Lai, que está em prisão preventiva há um ano, foi condenado a 13 meses, a advogada Chow Hang Tung, condenada a um ano, e a ex-jornalista Gwyneth Ho, condenada a seis meses de prisão. Os cinco restantes acusados foram condenados a penas que variam entre os 14 e os quatro meses de prisão.

As sentenças foram reveladas depois de uma audiência em que os advogados de Lai apresentaram uma carta escrita pelo magnata na prisão. “Se comemorar aqueles que morreram por causa de uma injustiça é um crime, então culpem-me por esse crime e deixem-me sofrer o castigo (…) para que eu possa partilhar o fardo e a glória daqueles jovens homens e mulheres que derramaram o seu sangue a 4 de Junho”, escreveu.

Lai tinha alegado que não incitou mais ninguém a participar na vigília do ano passado e que apenas se juntou ao acto a título pessoal. A juíza Amanda Woodcock rejeitou as justificações apresentadas pelo empresário de 74 anos e disse que a sua participação na vigília foi “um acto de desafio e protesto contra a polícia”.

As condenações são mais um duro golpe no movimento pró-democrático de Hong Kong que tenta combater a cada vez maior influência de Pequim sobre o território. Este movimento acusa o regime chinês de estar a acabar com o modelo “um país, dois sistemas”, que orientou a transição de Hong Kong para a administração chinesa, garantindo um conjunto de direitos, liberdades e autonomia política para a cidade.

Um dos pontos que gera maior preocupação foi a entrada em vigor da nova lei de segurança nacional, em 2020, que veio facilitar a investigação e detenção de qualquer pessoa suspeita de pôr em causa a “soberania” da China sobre Hong Kong ou os interesses nacionais chineses. Para o movimento pró-democracia trata-se de um instrumento para impedir qualquer crítica ou desafio ao establishment político pró-Pequim que domina as principais instituições de Hong Kong.