Formação e valorização, as ferramentas do futuro

No rescaldo da conferência promovida pela SGS, a certeza de que investir nas competências no presente é garantia de um futuro mais sustentável, para profissionais e para organizações. Conheça as principais conclusões do evento.

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Que desafios enfrentam as organizações no que respeita às competências dos seus colaboradores? De acordo com o que foi debatido na conferência dedicada ao tema, promovida pela SGS, em parceria com o PÚBLICO, uma primeira proposta é a de pensar e debater como é que as empresas se podem adaptar e dar respostas mais certeiras na formação dos profissionais. Contudo, o desafio não se fica por aqui, uma vez que devem, em simultâneo, perceber - de uma forma abrangente e transversal - quais são as grandes características e competências que se esperam dos profissionais do futuro.

A sessão de abertura foi da responsabilidade de João Marques, managing director da SGS Portugal, que começou por recordar um desafio lançado por um professor, no tempo em que ainda ocupava os bancos da escola: “Qual a diferença entre conhecimento e competências?”. Hoje, reconhece, que a resposta é simples: “As competências são os pilares do conhecimento”.

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João Marques, managing director da SGS Portugal D.R.

Contudo, de acordo com o responsável o segredo está na trilogia: atitude, conhecimento e treino. Estabelecendo uma analogia com os atletas de alta competição: “Se pensamos nos atletas, a primeira coisa que têm que ter é atitude”, ou seja, “se não tiverem atitude, não vão atingir os desafios a que se propõem”. Mas não basta: é preciso muito treino” independentemente de terem muito conhecimento, “sem treino não conseguem atingir os objectivos, não conseguem ser atletas de elite.” O paralelismo para o ensino faz-se com a SGS Academy, cujo lema passa, precisamente, por “proporcionar essas competências, desenvolver atitudes e conhecimento mas, acima de tudo, com muito treino”, destacou João Marques.

Trabalhar competências faz parte da missão da SGS, já que assegurar qualidade passa também por formar profissionais capazes de dar resposta ao mercado.

Foi com uma citação atribuída a Charles Darwin que João Marques terminou a sua intervenção, em jeito de mote para a mesa redonda que se seguiu: “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas aquele que melhor se adapta à mudança: à mudança de atitude, à mudança de comportamento, à mudança de decisão.”

A jornalista e anfitriã Filipa Dias Marques partiu deste contexto para iniciar a conversa, que tinha como foco a importância das competências. A conversa contemplou convidados com diferentes backgrounds e experiências, nomeadamente: Carlos Valpradinhos, director da SGS Academy, Nuno Troni, director da Randstad Professionals, Teresa Relvas, directora de Corporate Functions na Volkswagen Digital Solutions e Rita Lago, Responsável pela Cultura e Envolvimento Organizacional da Fidelidade.

A competências e o desafio para a sustentabilidade das Organizações estiveram em análise. D.R.
Carlos Valpradinhos, director da SGS Academy D.R.
Teresa Relvas, directora corporativa das soluções digitais da Volkswagen em Portugal D.R.
Nuno Troni, director da Randstad Professionals. D.R.
Rita Lago, Responsável pela Cultura e Envolvimento Organizacional da Fidelidade D.R.
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A competências e o desafio para a sustentabilidade das Organizações estiveram em análise. D.R.

Novos paradigmas, novas competências?

É inevitável olhar para a pandemia como “um momento particularmente disruptivo”, destacou Filipa Dias Mendes, nomeadamente, no que toca às empresas e à “necessidade de ter profissionais que se adaptam”, profissionais capazes de se ajustarem à nova realidade laboral.

“O próprio ambiente social transformou-se”, referiu Carlos Valpradinhos, sem hesitar. “As organizações estão à procura de se reposicionarem no mercado”, depois desta mudança “violenta”. Os próprios canais de venda foram apontados como bom exemplo, se considerarmos que antes da pandemia, o online não era, ainda, um canal privilegiado para a maior parte dos negócios. Em pouco tempo, o cenário mudou. De acordo com Carlos Valpradinhos, isto aconteceu por força das circunstâncias e por uma questão de subsistência, pelo que “as organizações para mudarem, para adaptarem os seus modelos de negócio, têm que ter as competências necessárias e adequadas” e competências são pessoas”, acrescentou o director da SGS Academy.

A flexibilidade veio para o meio empresarial e, no caso da SGS, a vontade de acompanhar esse movimento faz com que haja uma preocupação maior em aprofundar as competências das pessoas que já faziam parte da organização mas também “abranger novas áreas de conhecimento”, partilhou Carlos Valpradinhos. Apesar de “as novas gerações estarem mais preparadas”, é essencial que o conhecimento apreendido nas universidades tenha uma componente prática, no terreno. A SGS Academy quer ter um papel activo nesse sentido, mas também no apoio às PME, para que estejam preparadas para outros mercados, que saibam adaptar-se ao mundo global em que vivemos.

Competências transversais ao mercado global

Para Teresa Relvas, directora corporativa das soluções digitais da Volkswagen em Portugal, neste processo de adaptação ao mercado global, online, com o trabalho remoto a ganhar terreno, a transição não é, obviamente, igual para todas as empresas. Faz sentido que uma multinacional como a Volkswagen lidere este processo, por todo o background organizacional. Mas, ainda assim, há falta de profissionais capazes de dar resposta ao mercado, explicou Teresa. “Faltam competências que façam, de alguma forma, as empresas avançarem”, especialmente neste momento disruptivo que a pandemia proporcionou. “Temos que olhar para o mercado também na perspectiva do talento como um mercado global” - é isto que está a acontecer, particularmente na indústria de IT. Ou seja, é importante que as empresas se reposicionem “para atrair talento de todo o mundo”, desafiou Teresa Relvas. “É com o mundo que competimos e há uma escassez de talento”, ainda que a responsável reconheça que Portugal seja visto como um mercado atractivo, por várias razões. Para Teresa Relvas, “é preciso olhar para o talento de forma efectivamente estratégica” e a longo prazo.

“Nós não somos competitivos salarialmente”: foi Nuno Troni da Randstad que o disse, mas implicitamente o tema já estava na mesa. As empresas que vêm de fora procuram precisamente know-how, soft skills, capacidade de falarmos outras línguas mas também salários mais baixos, constatou. Se não somos capazes de oferecer salários mais altos, é essencial que as empresas que estão a competir pelo talento saibam “investir no desenvolvimento das pessoas e se foquem nessa proposta de valor”, sugeriu.

Desafios no presente para preparar o futuro

Uma grande empresa como a Fidelidade não devia deixar “fugir talento” para outros mercados. No entanto, é difícil competir, reconheceu Rita Lago, com o chamado “novo mercado de talento.” A possibilidade de trabalhar remotamente, desde Portugal para um unicórnio estrangeiro, é uma realidade difícil de equiparar. É por isso, confessa Rita Lago, que “é uma pergunta muito difícil de responder [a que serve de mote à conferência]” e “não somos competitivos financeiramente”, reconhece. Para diminuir este fosso, “a cultura das empresas é cada vez mais importante”, acredita, o caminho do diferencial será esse. Na Fidelidade e do ponto de vista de quem trabalha em recursos humanos, o desafio será exactamente esse.

Nesta partilha de aprendizagens, importa reter que, apesar das dificuldades que as empresas terão pela frente, este “tempo desafiante que enfrentámos”, como disse Filipa Dias Marques, poderá trazer coisas boas. Portugal é um país atractivo no mercado das competências. É inevitável, no entanto, a referência às diferenças salariais de Portugal em relação ao resto da Europa, um factor decisivo para que profissionais mais competitivos, muitas vezes com níveis mais elevados de formação, se vejam obrigados a procurar oportunidades fora do país, onde as competências parecem ser valorizadas de outra forma. 

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