Jane Campion, os festivais, a reputação crítica de uma cineasta que tanto nos deslumbrou e tanto nos decepcionou, a primeira mulher, e durante anos a única, com a Palma de Ouro de Cannes (O Piano), simbologia de que, felizmente, se desembaraçou, e por isso agora ficam "apenas" os filmes, para os (re)avaliarmos... São as intenções do nosso tema de capa.

Já aqui tínhamos escrito que se preparava um revival da neozelandesa, com homenagens internacionais e declarações de dívida por parte de cineastas e actores. Cabe ao LEFFEST, Lisbon & Sintra Film Festival, que decorre neste momento, propor a sua. Nós respondemos: uma entrevista à realizadora, em que Campion recua até à infância e adolescência e ao seu sentimento de outsider (foi salva pelo cinema, diz ela); memórias de Cannes 1993; e um regresso aos filmes, sobretudo aos que foram descartados ou desvalorizados.

Ei-la, Jane, por Helen Barlow, Augusto M. Seabra e Luís Miguel Oliveira:

Mas não é tudo do LEFFEST. É na competição do festival que se exibe um dos mais fascinantes filmes que veremos este ano: Onoda, 10 000 Nuits dans la Jungle, de Arthur Harari. É a história, verídica, de um oficial do Exército Imperial japonês que durante três décadas se manteve na selva filipina acreditando que a II Guerra decorria. É essa a nossa história de espectadores: acreditar nas histórias mesmo que à custa de ficarmos ao lado da História. Entrevista ao realizador aqui...

Ainda duas entrevistas:

Juan Gabriel Vásquez, colombiano, a propósito de Olhar para Trás, o seu romance de uma personagens: Sergio Cabrera, cineasta colombiano, realizador de mais de 20 filmes, 71 anos, burguês, ex-gerrilheiro formado na China com a doutrina de Mao. É também o romance de um país. Conversa com Isabel Lucas

 

Joana Gorjão Henriques entrevista a jornalista Reni Eddo-Lodge. Que na sequência das reacções provocadas por um post no seu blogue, em 2014, em que dizia que se recusava a debater com as pessoas brancas que negassem a existência do racismo estrutural, editou em 2017 Porque deixei de falar com brancos sobre raça. Um retrato das formas que o racismo estrutural assume no Reino Unido. Podia ser também em Portugal.

 

O mundo conhece-o, sobretudo, por causa de uma obra que se tornou símbolo da angústia, do medo e do desespero humanos, mas Edvard Munch é muito mais do que O Grito.

Em Oslo, tem agora uma morada nova – um edifício em altura com vista para a baía – que em tudo contrasta com a pequena casa que comprou à beira-mar, longe da capital. Na torre, ele está nas obras; em Åsgårdstrand, está em todo o lado.

Reportagem de Lucinda Canelas... na torre e na casa