Frankie, o dinossauro, avisa o mundo para não “escolher a extinção”

Um recente orador esteve nas Nações Unidas com uma mensagem que já foi ouvida várias vezes: recusar cortar drasticamente nos combustíveis fósseis pode levar os humanos à extinção. O que tornou o discurso diferente foi o portador do aviso: o dinossauro Frankie.

A dias do arranque da cimeira do clima, conhecida como COP26, em Glasgow, na Escócia, o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas lançou um vídeo do dinossauro criado em computador, Frankie, apelando ao mundo para não "escolher a extinção".

"A extinção é uma coisa má. E serem responsáveis pela própria extinção? Em quase 70 milhões de anos, essa é a coisa mais ridícula que já ouvi", disse Frankie, na Assembleia Geral das Nações Unidas, na voz do actor e compositor Jack Black. "Estão a avançar em direcção a um desastre climático e, ainda assim, todos os anos os governos gastam centenas de milhares de milhões de fundos públicos em subsídios de combustíveis fósseis."

O dinossauro falante fechou o discurso apontando a pandemia como uma oportunidade para os países transitarem para energias verdes, o que mereceu um aplauso dos que o ouviam. Antes das conferências em Glasgow, alguns dos maiores emissores de carbono do mundo estão a apelar aos países ricos para ajudarem a financiar e a afastar os países em desenvolvimento dos combustíveis fósseis.

A Índia, o terceiro maior emissor de carbono a nível mundial, disse esta quarta-feira que não se comprometeria com o objectivo de alcançar as zero emissões a meio do século. Nova Deli, por sua vez, apelou aos países desenvolvidos para assumirem "responsabilidade histórica" pelos gases com efeito de estufa que emitiram ao longo dos séculos.

E um responsável chinês disse, no mesmo dia, que a falta de apoio financeiro dos países ricos, bem como a sua promessa nunca cumprida de mobilizar 100 mil milhões de dólares anualmente, a partir de 2020, para países em desenvolvimento, cria um "problema crítico de confiança múltipla" entre os dois. A China é o maior emissor de gases com efeito de estufa do mundo. "Muitos países desenvolvidos estão a forçar mais objectivos climáticos quando eles ainda não cumpriram os compromissos já existentes", disse o vice-ministro do Ambiente chinês, Ye Min. "Todos os partidos deviam perceber que objectivos climáticos que não são suportados por acções são como palácios construídos no ar."

Gorvernos de todo o mundo gastam cerca de 423 mil milhões de dólares todos os anos a subsidiar combustíveis fósseis, os responsáveis por três quartos do total das emissões de gases com efeito de estufa, de acordo com um relatório das Nações Unidas, publicado esta quarta-feira. É provável que o custo real seja muito mais alto, dados os efeitos negativos das alterações climáticas, como a perda de biodiversidade e a deslocação de comunidades devido a fenómenos atmosféricos extremos. 

Sem compromissos mais ambiciosos para cortar as emissões, o mundo deverá aquecer 2,7º Celsius no final do século, em comparação com o final dos anos de 1800 — ficando muito acima do Acordo de Paris, que tinha como objectivo fixar o aquecimento "bem abaixo" dos 2º Celsius, comparativamente aos níveis pré-industriais. Os países estão a "falhar redondamente", disse o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, no início desta semana. "A era das meias medidas e promessas vazias tem de acabar."