Mostra Drawing Room quer regresso de “êxito de visitantes” à criação portuguesa

Mónica Álvarez Careaga, directora da feira, tem uma perspectiva optimista sobre a próxima edição da iniciativa, que vai decorrer de 27 a 31 de Outubro na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa.

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A edição de 2019 da feira registou 10 mil entradas daniel rocha

A próxima feira de arte contemporânea Drawing Room vai trazer a Lisboa “o melhor da criação artística portuguesa no desenho contemporâneo”, a partir de 27 de Outubro, após três edições cujo balanço foi “um êxito de visitantes”, segundo a organização.

Esta quarta edição, que decorrerá até 31 de Outubro na Sociedade Nacional de Belas Artes, reunirá 26 galerias e 95 obras de mais de 70 artistas, num certame que terá também uma versão online, seguindo “as tendências das feiras internacionais” que têm vivido o contexto da pandemia.

“Trazemos novamente o melhor da criação artística portuguesa no que diz respeito ao desenho contemporâneo”, salientou, em entrevista à agência Lusa, a directora da feira, Mónica Álvarez Careaga. Mantendo a aposta neste suporte artístico, a responsável ressalvou que a edição do ano passado “foi mais difícil, devido ao contexto limitativo da pandemia covid-19, mas a resposta do público foi muito boa”.

Na primeira edição, em 2018, receberam 5000 visitantes, em 2019, duplicou, registando 10.000 entradas, e a terceira, em 2020, mesmo com as restrições da pandemia, a organização alargou o horário e, “ordenadamente, respeitando as limitações sanitárias, a feira recebeu 6000 visitantes”. “Tem sido um autêntico êxito, um grande sucesso de público”, comentou a responsável por uma feira que já tinha tido duas edições em Madrid, Espanha, antes de se aventurar em Portugal.

Mais galerias estrangeiras

Para a edição deste ano, foram seleccionadas galerias portuguesas e estrangeiras para o programa geral, contando com galerias como Filomena Soares, Pedro Cera, 3+1 Arte Contemporânea, Bruno Múrias e Miguel Nabinho, de Lisboa, Pedro Oliveira, KubikGallery e Presença, do Porto, e ainda Fonseca Macedo - Arte Contemporânea, de Ponta Delgada, nos Açores.

A participação de galerias estrangeiras crescerá este ano, com oito internacionais, como a F2 Galería, Galería Silvestre e a Martínez & Avezuela, de Madrid, a Wadström Tönnheim Gallery, sediada em Marbella, Espanha, e em Malmö, na Suécia, e a Granada Gallery, de Buenos Aires.

A área mais importante é o programa geral, onde estão presentes 23 galerias, entre elas “uma parte muito importante de galerias portuguesas mais prestigiadas, que trarão trabalhos de artistas portugueses de renome como Jorge Molder, Luísa Cunha, Pedro Cabrita Reis, Jorge Queiroz, e jovens artistas, como Carolina Serrano, Sara Bichão ou Isabel Madureira Andrade”, apontou a comissária de arte contemporânea e produtora cultural, historiadora de arte pela Universidade de Oviedo e museóloga pela École du Louvre, em Paris.

Mónica Álvarez Careaga sublinhou que, este ano, a feira apresentará obras “com todas as vertentes do desenho”, e as galerias espanholas presentes trarão muitas delas também “artistas portugueses, como Gonçalo Pena, Paulo Brighenti, ou Francisco Mendes Moreira”.

“Durante a pandemia, fizemos um esforço para procurar novos formatos expositivos, novas formas de transmitir a arte contemporânea, online”, apontou a responsável, comentando que, “no panorama internacional da arte contemporânea, as feiras estão a definir a sua actividade de forma híbrida, mista, em formato presencial e digital”.

Questionada sobre a importância do desenho na arte contemporânea, Mónica Álvarez Careaga assinalou que “tem uma importância crescente no panorama artístico português” “Nós colocamos o foco no desenho que fazem os artistas vivos. Nos últimos 15 anos, produziu-se um fenómeno internacional nos museus e feiras de arte, em que muitos artistas começaram a apresentar os seus desenhos. Nas Belas Artes tradicionais, os desenhos eram considerados trabalhos preparatórios para pinturas e esculturas”, enquadrou.

De acordo com a responsável, esta viragem significa uma mudança, “tal como foi a grande introdução de suportes tecnológicos mais avançados [nas artes visuais]. Há uma retirada das fronteiras tradicionais dos suportes. Os suportes ditos primitivos, como o desenho, primeira forma de a Humanidade se exprimir artisticamente, convive com obras em que se usam tecnologias muita complexas”.

“As obras em desenho estão muito próximas do coração e da mente do artista. Têm uma imediatez muito intensa, que agrada a uma grande parte do público, por ser muito próxima do artista, e não exigir as técnicas complexas e elaboradas que exigem outros meios para criar arte”, apontou. “Estamos acostumados a pensar que as obras em desenho são muito pequenas e actualmente já não é assim. Já existem desenhos criados em formatos de grandes dimensões, e com técnicas muito diversificadas”, acrescentou Careaga.

CML vai comprar obras na feira

A responsável sublinhou que, este ano, a Câmara Municipal de Lisboa se disponibilizou para adquirir obras na feira, que tem contado ainda com o apoio de várias instituições que fazem mecenato em Portugal na área da cultura, nomeadamente a Fundação Millennium bcp e a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD).

Pedro Barateiro, Pedro Calapez, José Loureiro, Gonçalo Pena, Manuel Vieira, Mafalda Santos, Vera Mota, Alberto Carneiro e Claire de Santa Coloma estão entre os 70 artistas com trabalhos a exibir nesta nova edição do certame dedicado ao desenho. Está ainda programado um foco especial sobre o contexto artístico da cidade de Berlim, comissariado por Jan-Phillip Fruehsorge, com a presença de três galerias alemãs: Anaid Art Gallery, Lage Egal, ambas de Berlim, e Kristin Hjellegjerde, com sede em Londres, Berlim e Nevlunghavn, na Noruega.

O Prémio FLAD Desenho 2021, no valor de 20 mil euros, para um artista com trabalho exposto na feira, é uma das novidades desta edição, cujo vencedor será anunciado no decorrer do certame.

A programação paralela manterá este ano a iniciativa Desenhos na Cidade, parceria iniciada com as Belas-Artes e a escola Ar.Co para mostrar as obras dos alunos finalistas de desenho de ambas as instituições, na rede de painéis da capital.

Drawing Room Lisboa foi criada como plataforma de valorização e comercialização do desenho, com o objectivo de promover esta disciplina e os artistas, sendo também dirigida a coleccionadores, galeristas, outros profissionais e interessados em arte.

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