Índia reabriu as fronteiras a turistas estrangeiros

Emissão de vistos turísticos fica, para já, limitada aos passageiros de voos fretados. Sector do turismo, que representa 7% do PIB indiano, aplaude a reabertura.

Foto
A época de festivais religiosos já começou, arrastando multidões na Índia FRANCIS MASCARENHAS/Reuters

As fronteiras da Índia reabriram esta sexta-feira, 19 meses depois de as autoridades terem proibido a entrada de cidadãos estrangeiros. A abertura para o exterior marca um novo momento na evolução sanitária no país, mas os especialistas alertam que a pandemia não terminou e que o país não está livre de uma nova vaga.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

As fronteiras da Índia reabriram esta sexta-feira, 19 meses depois de as autoridades terem proibido a entrada de cidadãos estrangeiros. A abertura para o exterior marca um novo momento na evolução sanitária no país, mas os especialistas alertam que a pandemia não terminou e que o país não está livre de uma nova vaga.

“O Ministério dos Assuntos Internos decidiu autorizar novos vistos turísticos para estrangeiros que chegam à Índia em voos fretados com efeito a partir de 15 de Outubro”, anunciou o Governo de Nova Deli na semana passada. A partir de 15 de Novembro, podem viajar para o país cidadãos que embarquem em voos regulares.

Esta é a primeira vez desde Março de 2021 que os cidadãos estrangeiros poderão requerer um visto turístico, depois de o Governo de Narendra Modi ter imposto um restrito confinamento para conter a pandemia no ano passado. Deixam assim de haver restrições para quem pode entrar no país, desde que esteja totalmente vacinado ou apresente um teste negativo de covid-19.

Desde o primeiro confinamento, a Índia apenas permitia a entrada de voos de 28 países através de “bolhas aéreas”, sob circunstâncias específicas, nomeadamente para cidadãos indianos no estrangeiro e pessoas com vistos de negócios ou de trabalho.

A abertura das fronteiras externas acontece num momento em que o número de infecções diárias desceu nos últimos dias para abaixo das 20 mil, uma descida abrupta se se tiver em conta o pico de 401,993 mil casos diários em Maio – o valor diário mais alto de infecções registado a nível mundial durante esta pandemia. No total, o país registou mais de 34 milhões de casos e mais de 451 mil mortes, de acordo com a contagem da Universidade Johns Hopkins.

Ao mesmo tempo, a campanha de vacinação começa a acelerar, embora esteja ainda longe de garantir a inoculação da maioria da população. Até agora, 20,22% da população está totalmente vacinada, segundo a universidade.

Abertura do turismo

Estes números têm permitido ao sistema de saúde respirar e dão esperança de o turismo vir a recuperar o fôlego. O sector é especialmente relevante para a Índia, contribuindo para quase 7% do PIB e empregando milhões de pessoas. Em 2020 o fluxo de turistas foi reduzido para 2,74 milhões de pessoas, face aos 10,93 milhões de 2019, segundo números do Governo.

“Ninguém tem a ilusão de que os negócios vão recuperar em 24 horas, mas pelo menos estamos a ver alguma luz ao fundo do túnel”, disse Rajeev Kohli, director administrativo adjunto da Creative Travel e membro da Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da Índia (FICCI), citado pela revista Fortune.

A nível interno já se vêem sinais de abertura mas também de desgaste da população. Os mercados voltaram a encher-se e muitos indianos começaram a pôr de parte a máscara. Milhões de pessoas têm passado férias nas regiões montanhosas e nas vilas costeiras, depois de terem estado confinados durante meses.

Risco de nova onda

Os especialistas e responsáveis do Governo continuam, porém, a alertar para o perigo escondido no relaxamento das medidas para conter a pandemia, argumentando que o regresso aos destinos turísticos mais populares pode desencadear uma terceira vaga.

Tendo em mente esse cenário, as autoridades continuam a avisar para serem respeitadas as regras de protecção contra o vírus, especialmente durante a época de festivais religiosos, que começou no mês passado e termina em Novembro.

E se há sinais de alguma recuperação económica no país, os movimentos associado à época festiva podem levar a um aumento de casos de covid-19 e arruinar os esforços para reerguer a economia indiana, advertiu na semana passada a FICCI.