Iolanta, ópera “apenas para ouvir” no Teatro de São Carlos

Versão de concerto não deixa de saber a pouco, mesmo se musicalmente a aposta foi ganha por um elenco de qualidade.

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Quinze anos depois da estreia em Portugal, a ópera Iolanta de Tchaikovski regressou ao palco do Teatro Nacional de São Carlos na abertura desta temporada, confirmando mais uma vez que a última obra lírica do compositor russo merecia um lugar bem mais assíduo no repertório pela sedutora beleza da música e pela subtileza dramática. Em ambos os casos, a obra foi apresentada em versão de concerto, ficando assim privada de uma das componentes intrínsecas da ópera como género artístico, evocada pelo próprio Tchaikovski numa carta de 1879 dirigida à sua protectora Nadeja von Meck, citada por Paulo Ferreira de Castro no programa de sala: “Ao compor uma ópera, o autor deve ter sempre em mente a cena, isto é não pode esquecer que o teatro exige não apenas melodia e harmonia, mas também acção; que não se pode abusar da atenção do ouvinte de ópera, que veio não apenas para ouvir, mas também para ver”. Tal como a protagonista, a princesa cega Iolanta, que ignora a sua condição por vontade do pai, antes de se apaixonar por Vaudémont, que lhe revelará as cores do mundo, também o público fica entregue à sua imaginação no que diz respeito à componente visual e teatral. Ainda que a acção interior das personagens seja central em Iolanta, a versão de concerto não deixa de saber a pouco, mesmo se musicalmente a aposta foi ganha por um elenco de qualidade.

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Quinze anos depois da estreia em Portugal, a ópera Iolanta de Tchaikovski regressou ao palco do Teatro Nacional de São Carlos na abertura desta temporada, confirmando mais uma vez que a última obra lírica do compositor russo merecia um lugar bem mais assíduo no repertório pela sedutora beleza da música e pela subtileza dramática. Em ambos os casos, a obra foi apresentada em versão de concerto, ficando assim privada de uma das componentes intrínsecas da ópera como género artístico, evocada pelo próprio Tchaikovski numa carta de 1879 dirigida à sua protectora Nadeja von Meck, citada por Paulo Ferreira de Castro no programa de sala: “Ao compor uma ópera, o autor deve ter sempre em mente a cena, isto é não pode esquecer que o teatro exige não apenas melodia e harmonia, mas também acção; que não se pode abusar da atenção do ouvinte de ópera, que veio não apenas para ouvir, mas também para ver”. Tal como a protagonista, a princesa cega Iolanta, que ignora a sua condição por vontade do pai, antes de se apaixonar por Vaudémont, que lhe revelará as cores do mundo, também o público fica entregue à sua imaginação no que diz respeito à componente visual e teatral. Ainda que a acção interior das personagens seja central em Iolanta, a versão de concerto não deixa de saber a pouco, mesmo se musicalmente a aposta foi ganha por um elenco de qualidade.