Open House Lisboa vai seguir os “Caminhos da Água” que unem a capital a Almada

A 25 e 26 de Setembro há 68 espaços para visitas gratuitas, 49 dos quais em estreia. Mote da 10.ª edição da Open House Lisboa, promovida pela Trienal de Arquitectura de Lisboa, está na paisagem.

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nicolau botequilha

A 10.ª edição da Open House Lisboa vai decorrer nos dias 25 e 26 de Setembro, pelos “Caminhos da Água que moldam as paisagens de Lisboa e Almada”, numa proposta comissariada pelo colectivo Baldios, de arquitectura paisagista.

A iniciativa estende-se pela primeira vez às duas cidades das duas margens do Tejo, envolve 68 espaços para visitas gratuitas, 49 dos quais em estreia, cumpre oito percursos urbanos acompanhados por especialistas, durante todo o fim-de-semana, e promove ainda dois “passeios sonoros”, segundo o programa divulgado esta quinta-feira pela Trienal de Arquitectura de Lisboa, que promove a iniciativa.

“À 10.ª edição, o [projecto] Open House Lisboa elege a paisagem como protagonista, estende o roteiro e o olhar à margem esquerda do Tejo e prepara-se para explorar, pela primeira vez, as cidades de Lisboa e Almada”, em conjunto, numa proposta comissariada pelo colectivo Baldios, que reconhece na água o elemento de união dos dois territórios e o fio condutor do roteiro.

Os “Caminhos da Água” convidam assim “à descoberta de diferentes tipologias de edifícios que resultam do vínculo entre água e cidade, percorrendo o Tejo e os vales de ambas as margens”.

Para melhor compreender este vínculo e como ele se traduz, o colectivo Baldios organizou os locais de visita em oito percursos urbanos, que permitem desvendar oito linhas de água de Lisboa e Almada e perceber o modo como, a partir deles, as cidades cresceram.

Da Linha de Costa, “que prova que o rio Tejo é um território”, à Ribeira da Ajuda, que definiu Alcântara e Algés, dos eixos que deram origem às Avenidas da Liberdade e Almirante Reis, ao Vale de Porto Brandão e à linha de água em que Cacilhas, Almada, Pragal, Monte da Caparica e Trafaria cresceram, definem-se os percursos naturais a descobrir com a ajuda de especialistas como os arquitectos Catarina Rebelo de Sousa e Gilberto Oliveira, João Ventura Trindade e Francisco Silva.

Os percursos vão ainda do cemitério do Alto de S. João ao Hub Criativo do Beato — Antigas Fábricas de Manutenção Militar, dos antigos Estaleiros da Lisnave, ao Lazareto - Asilo 28 de Maio; e envolvem igualmente casas particulares, fábricas, cinemas, jardins, conventos, congregando “espaços icónicos de diferentes épocas das duas cidades”.

Depois da estreia, em 2020, do formato de passeio sonoro, a edição deste ano tem também previstos “dois passeios guiados ao ouvido": um, pelo Vale de Chelas e, outro, “Conhecer a Água”, pelo leito do Tejo, numa viagem entre Cais do Sodré e Cacilhas.

São “viagens a várias velocidades, de barco, de bicicleta e a pé, acompanhadas por quem já reflectiu, estudou e interveio sobre esta paisagem estuarina”, adianta o comunicado da Trienal, que recorda o geógrafo Orlando Ribeiro (1911-1997) e o modo como, nas suas palavras, o estuário se revelou também um “vasto mar interior protegido e navegável, (...) lugar predestinado a uma ocupação”.

As margens de Lisboa e Almada foram-se assim transfigurando “em portos, cidades, formas de arquitectura”, e as linhas de água “foram dando lugar às principais artérias que impulsionaram o crescimento de ambas as cidades para cotas mais elevadas”.

Deste modo, “a história do Tejo e os seus afluentes confunde-se com a biografia” de Almada e Lisboa, “faz parte do seu metabolismo quotidiano, configurando rotas de atravessamento e de conexão entre os lugares que as compõem”. Por isso “é pela relação com a água, enquanto recurso vital, que o futuro das cidades terá de passar”, conclui a Trienal.

Esta edição da Open House voltará a ter visitas para pessoas invisuais ou com baixa visão, e para pessoas com deficiência cognitiva, em articulação com actividades do Programa Júnior. Estão previstos passeios, visitas e oficinas criativas “Colina Acima, Colina Abaixo”, com descrição visual e materiais tácteis. E a visita guiada aos Antigos Estaleiros da Lisnave terá interpretação em Língua Gestual Portuguesa.

Estão também previstas oito iniciativas independentes, nos espaços do roteiro. O Programa Plus contará com concertos, dança, percursos, exposições e oficinas. As inscrições podem ser feitas através do endereço atividades@trienaldelisboa.com. Por questões de segurança e para se evitarem aglomerados, terá de ser feita reserva e será aplicado um sistema de registo de entradas.

O projecto Open House, criado em 1992 pela arquitecta britânica Victoria Thornton, está hoje presente em 50 cidades a nível mundial, de Londres e Nova Iorque, a Buenos Aires e Seul. Realiza-se em Portugal desde 2012.

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