Agostinho Santos: Vinhos de inspiração e de celebração

O vinho é um prazer recente para Agostinho Santos*, jornalista, pintor e curador que assume a direcção da Bienal Internacional de Arte de Gaia. Em curso, tem uma residência artística na Casa do Vinho Verde, onde começou a desenhar sobre vinho – tema que retomará, mal vença o “monstro” da pandemia.

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André Gouveia / Global Imagens

O meu processo de envolvimento no Vinho Verde foi lento, costumo dizer que foi feito “às pinguinhas”. Vim de ser um bebedor de cerveja – ainda sou, no copo de fim de tarde, mas às refeições fui começando a apreciar vinho, sobretudo Vinho Verde. Em Fevereiro de 2020 comecei uma residência artística na Casa do Vinho Verde, e a primeira série de desenhos e de objectos que fiz foi sobre o Vinho Verde. Entretanto, veio o coronavírus, e essas imagens foram completamente engolidas pelos meus medos do vírus: comecei a fazer monstros, a metamorfose do homem com o animal, que tem que ver com as monstruosidades humanas, as asneiras que os homens têm feito. Porém, ainda quero regressar ao vinho, é uma temática que me inspira muito. 

O vinho que me fez começar a gostar foi o Muralhas de Monção. Já não é aquele que bebo sempre que vou jantar fora, mas tenho-o em casa, sobretudo nos tempos de calor. Fica sempre bem, é um vinho que se sabe o que é, já se lhe conhece os segredos. 

A minha última descoberta foi o Soalheiro Granit. Descobri-o à mesa, o melhor sítio para descobrir vinho – com o meu amigo Reinaldo, dono do Ernesto, na Rua da Picaria, no Porto. Se for jantar fora, geralmente vou sempre lá – e eles já sabem qual é o meu vinho. Outra revelação recente foi o Barão do Hospital, também da sub-região de Monção e Melgaço, que tem como subtítulo “Raízes da Hospitalidade”, a que acho muita graça. 

A casta de que mais gosto é o alvarinho, de Monção e Melgaço. E o célebre Palácio da Brejoeira é o meu preferido, o vinho que bebo quando há alguma coisa a festejar. O vinho para ocasiões especiais.

* Depoimento recolhido por João Mestre 


Este artigo foi publicado no n.º 2 da revista Singular

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