Christine Ott apresenta Time to Die ao vivo em Portugal

A compositora e multi-instrumentista francesa apresenta em Lisboa, Setúbal e Portalegre o seu mais recente álbum, Time To Die, e outros temas do seu repertório. Começa esta quinta-feira na Fábrica Braço de Prata, em Lisboa, às 21h.

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Christine Ott num dos seus espectáculos Jean-Pierre Rosenkranz

Estreou primeiro um tema no Dia Mundial do Piano, em Março, e lançou finalmente o álbum em Abril, nas plataformas digitais e em LP, em vinil azul. O tema era Pluie e o álbum Time To Die. Agora, Christine Ott está em digressão para apresentar este seu novo disco, a par de temas dos anteriores, em particular de Only Silence Remains (2016) e também da banda sonora alternativa que compôs para o clássico filme Nanook, o Esquimó, de Robert Flaherty (1922). Em Portugal, actua primeiro na Fábrica Braço de Prata, em Lisboa, esta quinta-feira, às 21h, seguindo-se Setúbal (sexta, 16, Casa da Cultura, 21h) e Portalegre (sábado, 17, Centro de Artes e Espectáculo, às 21h30).

Pianista, compositora e multi-instrumentista, Christine Ott nasceu em Estrasburgo, França, em 10 de Agosto de 1963. Durante oito anos fez parte da banda de Yann Tiersen e tocou em orquestras clássicas durante dez anos, colaborando ao longo da sua carreira com bandas como Syd Matters e os Tindersticks ou com músicos como o compositor e teclista parisiense Jean-Philippe Goude. Time To Die, que agora é lançado, é o seu quarto álbum a solo, depois de Solitude Nomade (2009), Only Silence Remains (2016) e Chimères (2020), este composto para Ondas Martenot, instrumento electrónico criado em 1928, de funcionamento semelhante ao do theremin russo, e do qual ela se tornou dos maiores expoentes mundiais. Em Time To Die, e além das Ondas Martenot, Christine toca vários instrumentos, como piano, harpa, sintetizadores (Jupiter 8 e Monotron), vibrafone ou percussões. Com ela, no disco, estão Mathieu Gabry (Mellotron, teclas, vibrafone, efeitos e arranjos nalguns temas) e Casey Brown (voz num monólogo poético no tema-título do disco).

“Mais do que uma evocação da morte como poderíamos imaginá-la, o álbum Time To Die é para mim mais uma reflexão e um questionamento sobre a humanidade, e uma história de humildade diante dos mistérios da morte e as suas mil facetas”, assim descrevia Christine Ott o seu novo álbum, em Abril, para o PÚBLICO. “Time To Die está intimamente ligado ao álbum Only Silence Remains, também lançado pela Gizeh Records em 2016, que terminava com a faixa Disaster acompanhada por um texto poético que escrevi, interpretado pelo meu amigo Casey Brown. A ideia essencial era compartilhar a consciência de um universo, o nosso, entregue à crueldade, violência e irresponsabilidade do homem face à natureza, e um convite a permanecer desperto e vigilante face ao mundo exterior. A nota final era uma nota de amor e esperança...”

Ao compor estes seus dois álbuns, Christine diz que tinha em mente vários filmes de ficção científica: Blade Runner, Metropolis, Soylent Green [À beira do Fim] e até O Senhor dos Anéis. Mas, recordando a descrição por ela feita ao PÚBLICO, o filme de Riddley Scott foi o mais marcante: “Pareceu-me óbvio começar de novo a partir do monólogo de Rutger Hauer Tears in Rain [Blade Runner], cujo final é improvisado pelo próprio actor, um final poderoso e comovente! Com as últimas palavras de Rutger Hauer, o importante é perceber que não se trata apenas de morrer, mas de perder o acesso à Imortalidade que lhe tinha sido prometida pelo seu ‘criador’. Roy entende tudo isso e é uma libertação para ele. Como qualquer ser humano, ele entende que aprender a viver é também aprender a morrer. A vida é uma só e temos de vivê-la plenamente, porque somos apenas pássaros de passagem... E evoca aqueles momentos de efémera beleza...”

A voz de Casey Brown, dizia ainda Christine Ott, surge no monólogo envolvida por um turbilhão de sintetizadores, Júpiter 8 e várias faixas de Ondas Martenot à mistura com chuva e trovoada... “Tudo isso é muito cinematográfico, e há nesses dois álbuns (parte de um futuro tríptico) múltiplas homenagens a esses filmes essenciais, mas também a esse actor incrível e homem muito envolvido em causas, Rutger Hauer [1944-2019], que nos deixou quando eu trabalhava no álbum.”

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