Saíram os agricultores e funcionários públicos, ficaram os deputados acumuladores

Advogados, professores e gestores compõem quase dois terços do Parlamento, mas há um terço dos deputados que não está em exclusividade e alguns chegam a ter várias actividades fora da AR.

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Nuno Ferreira Santos

Nos anos 70 havia trabalhadores agrícolas e industriais, funcionários e dirigentes partidários, dirigentes da função pública, escritores e jornalistas, empregados administrativos. Mas se a expressão destas profissões foi diminuindo no plenário da Assembleia da República na década de 80, na seguinte praticamente desapareceu – a excepção continua a ser Jerónimo de Sousa, identificado como “afinador de máquinas”. As três grandes áreas profissionais com predisposição para se sentarem na Assembleia da República nestas quase cinco décadas de democracia são as dos advogados e juristas, dos professores, e dos economistas e gestores – são eles que representam cerca de dois terços dos mandatos parlamentares entre 1999 e 2015, altura em que o seu peso se tornou ainda mais significativo, segundo um paper de Esser Silva e Moisés de Lemos Martins na Revista Lusófona de Estudos Culturais.