O impulso turístico-económico do Caminho Português da Costa

A orientação que venha a ser tomada no desenvolvimento do Caminho poderá ser capital para o futuro económico, ambiental e cultural dos territórios por ele atravessados. Uma boa planificação nestas várias direções torna-se, consideramos, um desígnio inelidível.

O Caminho Português da Costa, com uma extensão, em solo português, de 149,5km, constitui o mais ocidental dos caminhos com destino em Santiago de Compostela da região norte portuguesa. Com origem atribuída na Baixa Idade Média, tem adquirido importante visibilidade nacional e internacional a partir de meados da década passada, marcada pelos trabalhos do projeto intermunicipal “Valorização dos Caminhos de Santiago – Caminho Português da Costa” (2015-2019). Esta iniciativa institucional foi promovida pelos 10 municípios atravessados por este itinerário: Porto, Maia, Matosinhos, Vila do Conde, Póvoa do Varzim, Esposende, Viana do Castelo, Caminha, Vila Nova de Cerveira e Valença.

No âmbito do projeto de investigação Os Caminhos de Santiago em Portugal. Políticas públicas e associativas no Caminho Português da Costa, financiado pela Cátedra Institucional do Camiño de Santiago e das Peregrinacións da Universidade de Santiago de Compostela, entrevistámos as dez câmaras municipais mencionadas e dez associações com vínculos a este caminho. Das respostas das entidades questionadas destaca-se, entre outras ideias, a perceção praticamente consensual acerca dos benefícios que o desenvolvimento do Caminho Português da Costa pode significar, designadamente em termos turístico-económicos.

É este, podemos concluir, o grande impulso por trás do decidido envolvimento das dez câmaras municipais no desenvolvimento deste itinerário. Já as associações, no seu conjunto, ademais de destacar este tipo de impactes positivos, mostram-se mais críticas com algumas das decisões tomadas e, em vários casos, questionam a orientação turística e económica que o Caminho Português da Costa está a tomar. Deste modo, no que ao Caminho Português da Costa diz respeito, cabe assinalar uma tensão entre, por um lado, o desenvolvimento turístico-económico – mais fincado na perceção e objetivos das câmaras – e, por outro, a necessidade de focar a dimensão patrimonial e cultural que este caminho ostentaria – parecer expressivo no dizer das associações.

Tendo em consideração as formidáveis taxas de crescimento do número de peregrinos que percorreram este caminho durante o último lustro (com exceção de 2020, ano marcado pelas conhecidas limitações derivadas pela pandemia da covid-19) a orientação que venha a ser tomada no desenvolvimento do Caminho Português da Costa poderá ser capital para o futuro económico, ambiental e cultural dos territórios por ele atravessados. Uma boa planificação nestas várias direções torna-se, consideramos, um desígnio inelidível.

Os autores escrevem segundo o novo acordo ortográfico

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