Restos do foguetão chinês caem no oceano Índico, perto das Maldivas

Segmento desintegrou-se ao reentrar na atmosfera terrestre.

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Long March 5B descolou no dia 29 de Abril, na China China daily/reuters

Um importante segmento de um foguetão chinês desintegrou-se este domingo ao reentrar na atmosfera terrestre e os restos do engenho caíram no oceano Índico, perto das Maldivas, anunciou a agência espacial da China.

“De acordo com o percurso e análise, pelas 10h24 (3h34 em Lisboa) de 9 de Maio de 2021, o primeiro andar do foguetão Longa Marcha 5B reentrou na atmosfera”, declarou o Gabinete de Engenharia Espacial Tripulada chinês, em comunicado.

As coordenadas fornecidas pelas autoridades chinesas apontam para um local próximo das ilhas Maldivas, no oceano Índico, a sul da Índia.

O tamanho do objecto, de cerca de 30 metros e entre 17 e 21 toneladas, e a velocidade a que viajava, perto de 28 mil quilómetros por hora, levaram à activação das mais importantes agências de monitorização espacial do mundo, como o Pentágono ou o Serviço de Vigilância e Acompanhamento Espacial da UE (EUSST).

Na sexta-feira, Pequim tinha classificado como “extremamente fraco” o risco de danos na superfície terrestre devido à entrada descontrolada na atmosfera do foguetão.

Com essa possibilidade, apesar de pequena, o administrador da NASA, Bill Nelson, criticou a actuação da China a nível espacial, acusando o país de “não cumprir os padrões responsáveis ​​em relação aos detritos espaciais”. “As nações que fazem viagens espaciais devem minimizar os riscos para as pessoas e propriedades na Terra de reentradas de objectos espaciais e maximizar a transparência em relação a essas operações”, referiu num comunicado de imprensa publicado no site da NASA.

“É fundamental que a China e todas as nações e entidades comerciais espaciais ajam com responsabilidade e transparência no espaço para garantir a segurança, estabilidade, protecção e a sustentabilidade alongo prazo das actividades espaciais”, disse Bill Nelson.

Citado no New York Times, também Jonathan McDowell, astrofísico do Centro de Astrofísica de Cambridge, no estado norte-americano de Massachusetts, disse no Twitter que o resultado mais esperado era que os restos do foguetão caíssem no oceano. Contudo, classificou a actuação da China como “imprudente”. A incerteza quanto ao local onde o foguetão iria cair “faz com que os designers de foguetes chineses pareçam preguiçosos por não terem resolvido” a situação, disse McDowell à agência Reuters.

Na semana passada, a China lançou, recorrendo ao foguetão Longa Marcha 5B, o módulo Tianhe, ou Harmonia Celestial, para a primeira estação espacial permanente, que visa hospedar astronautas a longo prazo.

“A probabilidade de causar danos às actividades aéreas ou no solo é extremamente fraca”, disse à imprensa um porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin. “Devido à composição técnica deste foguete, a maioria dos componentes será incinerado e destruído ao entrarem na atmosfera.”

O lançamento da semana passada foi o primeiro de 11 missões necessárias para construir e abastecer a futura estação espacial chinesa e enviar uma tripulação de três pessoas até ao final do próximo ano.

Pelo menos 12 astronautas estão a treinar para viver na estação, incluindo veteranos de missões anteriores. A primeira missão tripulada, a Shenzhou-12, está prevista para Junho.

Quando concluída, no final de 2022, a Estação Espacial Chinesa deverá pesar cerca de 66 toneladas, consideravelmente menor do que a Estação Espacial Internacional, que pesará cerca de 450 toneladas e para a qual o primeiro módulo foi lançado em 1998.

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