Coronavírus
Os objectos do dia-a-dia contam a história do confinamento (e fazem arqueologia futura)
Livros, muitos computadores portáteis, ainda mais máscaras: a Arqueologia Futura de um Confinamento Global repete-se. Mas se futuros arqueólogos estudarem os foto-documentos recolhidos por Paula Zuccotti também poderão recolher algumas pistas sobre o último ano: antidepressivos, pão, muitas plantas, livros sobre saúde mental, brinquedos sexuais e álcool.
Quando metade da população mundial se fechou em casa, em Abril de 2020, Paula Zuccotti propôs-se a perceber o que se passava dentro de portas fechadas. A etnógrafa queria descobrir se tinha existido uma mudança nos objectos que usamos diariamente. “Quais são as 15 coisas que te estão a ajudar a ultrapassar isto?”, perguntou, nas redes sociais.
Um ano depois, os foto-documentos registados durante o período de maior incerteza da pandemia foram compilados num site com mais de 1000 submissões de 50 países. “Os objectos são grandes contadores de histórias e o objectivo é reflectir sobre os nossos hábitos, necessidades, esperanças, medos, desejos e mecanismos de sobrevivência durante este período das nossas vidas, para que possamos aprender sobre nós próprios, tanto como indivíduos como uma comunidade global agora unificada”, escreve a etnógrafa argentino-italiana, a viver em Londres há mais de 15 anos, também autora do livro Every Thing We Touch: A 24 Hour Inventory of our Lives.
Nestas imagens há rasgos de criatividade, lembranças de perda, um regresso ao exercício físico, uma necessidade ou obrigação de continuar a sair à rua. “Embora o coronavírus nos tenha afectado a todos, não quer dizer que as nossas experiências tenham sido idênticas”, resume.
Em Abril de 2020, o P3 também fez esta pergunta a alguns leitores, que vieram à janela mostrar o objecto a que mais se agarraram durante o confinamento. Recorda-os aqui.