Ernesto Matos fotografa há 20 anos o chão que pisamos: “A calçada portuguesa tem que dar o salto”

Designer e fotógrafo, Ernesto Matos já publicou uma dúzia de livros à volta da calçada artística portuguesa, no país e no mundo, com “um cunho pessoal, poético”. Do geral ao mais ínfimo detalhe, entre exposições e novos trabalhos, dedica-se agora a investigar mais a fundo a história deste “mundo fantástico”. Afinal, enquanto uns vêem estrelas no céu, ele vê-as no chão.

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É um pequeno jardim, de retoques românticos, pelo qual muitos passam sem prestar grande atenção, tal é a atracção das vistas de Lisboa do miradouro ali a dois passos. Mas Ernesto Matos não se importa de desviar sempre os olhos do céu para o chão – coisa a que já está habituado, ou não tivesse no currículo uma dúzia de livros sobre a calçada artística portuguesa. É vê-lo a subir e descer a escadaria do jardim, a apontar para desenhos, símbolos, estrelas, assinaturas, a registar as camadas do tempo nos restauros. E ouvi-lo a criticar a execução das reconstruções. “Na recuperação perdem-se sempre detalhes”, queixa-se. Há de facto por ali desenhos onde, entre os antigos e os mais recentemente reconstruídos, não parece bater a bota com a perdigota, assim como partes em que o original “foi feito em basalto e na reconstrução metem calcário”. E não é só aqui. “Não se percebe”, lamenta, enquanto abarca com o olhar todo o empedrado. “Advogado” da calçada artística de Portugal, tem fotografado esta arte pelo país e pelo mundo nas últimas décadas. E agora, num intervalo entre edições, enquanto mostra o seu trabalho em exposições, designer gráfico na câmara de Lisboa, dedica-se a investigar a história da calçada no Estado Novo para um doutoramento na Faculdade de Belas-Artes.

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É um pequeno jardim, de retoques românticos, pelo qual muitos passam sem prestar grande atenção, tal é a atracção das vistas de Lisboa do miradouro ali a dois passos. Mas Ernesto Matos não se importa de desviar sempre os olhos do céu para o chão – coisa a que já está habituado, ou não tivesse no currículo uma dúzia de livros sobre a calçada artística portuguesa. É vê-lo a subir e descer a escadaria do jardim, a apontar para desenhos, símbolos, estrelas, assinaturas, a registar as camadas do tempo nos restauros. E ouvi-lo a criticar a execução das reconstruções. “Na recuperação perdem-se sempre detalhes”, queixa-se. Há de facto por ali desenhos onde, entre os antigos e os mais recentemente reconstruídos, não parece bater a bota com a perdigota, assim como partes em que o original “foi feito em basalto e na reconstrução metem calcário”. E não é só aqui. “Não se percebe”, lamenta, enquanto abarca com o olhar todo o empedrado. “Advogado” da calçada artística de Portugal, tem fotografado esta arte pelo país e pelo mundo nas últimas décadas. E agora, num intervalo entre edições, enquanto mostra o seu trabalho em exposições, designer gráfico na câmara de Lisboa, dedica-se a investigar a história da calçada no Estado Novo para um doutoramento na Faculdade de Belas-Artes.