Navalny transferido para “campo de concentração” com controlo apertado

O opositor de Vladimir Putin compara a prisão onde está detido ao cenário distópico de 1984, de George Orwell: “Há câmaras por todo o lado, gravam tudo e denunciam a mínima infracção”.

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Colónia pena n.º 2 da cidade de Pokrov TATYANA MAKEYEVA/Reuters

O opositor russo Alexei Navalny descreveu a prisão na região nordeste de Moscovo para onde foi transferido como um “campo de concentração”, conhecida pelo controlo rígido sobre os presos. A informação foi avançada esta segunda-feira pelo próprio político na sua página de Instagram.

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O opositor russo Alexei Navalny descreveu a prisão na região nordeste de Moscovo para onde foi transferido como um “campo de concentração”, conhecida pelo controlo rígido sobre os presos. A informação foi avançada esta segunda-feira pelo próprio político na sua página de Instagram.

Navalny foi transferido para a colónia pena n.º 2 da cidade de Pokrov desde a prisão de Kolchugino. 

“Tenho de admitir que o sistema prisional russo me conseguiu surpreender. Nunca imaginei ser possível construir um verdadeiro campo de concentração a 100 quilómetros de Moscovo”, disse Navalny, na publicação da rede social, apresentando a sua imagem de cabelo rapado.

Ainda na publicação, descreveu o cenário que, acredita, ter sido inspirado numa distopia: “Penso que alguém leu o livro 1984 de Orwell e disse: ‘Sim, parece-me bem educar através da desumanização’”. Segundo Navalny, “há câmaras por todo o lado, gravam tudo e denunciam a mínima infracção”.

O opositor de Kremlin disse que era acordado a “cada hora” durante a noite, para confirmar se estava na cela, uma vez que era considerado como “propenso a fugir”.

Apesar das duras condições na prisão, afirmou que está bem. Referiu não ter assistido a nenhum episódio de recurso à força, mas, ao observar a “postura tensa dos prisioneiros”, “acreditaria facilmente” em episódios anteriores de violência.

No início do mês, o activista Konstantin Kotov, que cumpriu dois anos de pena no campo prisional, dizia, citado pela AFP, que ali os presos não são tratados “como pessoas”.

As autoridades russas têm feito orelhas moucas aos pedidos internacionais de libertação de Navalny, nomeadamente Estados Unidos e União Europeia, que impôs mesmo sanções aos funcionários russos envolvidos no caso.

Navalny foi detido assim que regressou à Rússia, em Janeiro, depois de ter recuperado na Alemanha de um envenenamento quase fatal, com o agente químico Novichok. O opositor acusa o Presidente Vladimir Putin de estar por trás da ordem para o matar. O Kremlin nega todas as acusações.

Alexei Navalny foi condenado a dois anos e meio de prisão e só pode contactar o o exterior através dos seus advogados. A sua detenção desatou uma onde onda de protestos pelo país, bem como uma repressão violenta policial.