Não há doentes graves entre os vacinados que contraíram covid-19 na Madeira

Serviço de Saúde reportou quase 140 infecções após a toma da vacina. Especialistas garantem que é uma situação normal, especialmente nas primeiras duas semanas.

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Reuters/ERIC GAILLARD

Nenhuma das quase 140 pessoas infectadas com covid-19 na Madeira após terem sido vacinadas desenvolveu sintomas graves da doença. A garantia é dada por fonte do Serviço de Saúde madeirense (Sesaram), que este sábado divulgou estes números. Estes casos representam cerca de 0,5% de todas as pessoas que já tomaram a vacina na região autónoma.

“Não se conhecem situações graves” de covid-19 entre estes quase 140 casos, avança ao PÚBLICO fonte do Sesaram. As pessoas que desenvolveram a doença apresentaram “sempre sintomas mais ligeiros” ou não chegaram a apresentar sintomas, apesar de ter sido detectada a infecção pelo novo coronavírus.

Evitar que a infecção por SARS-CoV-2 provoque sintomas ou casos de doença grave é precisamente o objectivo da vacina, sintetiza o investigador do Instituto de Medicina Molecular, Miguel Prudêncio: “As pessoas podem estar imunizadas e contrair o vírus. O que acontece é que o sistema imunitário consegue lidar de tal forma com o vírus que não desenvolve sintomas.”

Este sábado, as autoridades sanitárias da Madeira anunciaram que 132 pessoas foram infectadas após a toma da primeira dose da vacina e outras sete após a segunda dose. Desde 31 de Dezembro foram vacinadas mais de 30 mil pessoas na região autónoma. Ou seja, estes casos de covid-19 correspondem a cerca de 0,5% das pessoas que já receberam a vacina.

Todos os casos reportados pelo Sesaram estão relacionados com a vacina da Pfizer, que começou a ser utilizada na Madeira no último dia do ano passado. Desde a última terça-feira está também em utilização a vacina da AstraZeneca.

A informação disponibilizada pelo Sesaram não permite, porém, perceber quanto tempo após a toma das vacinas foram detectadas as infecções por covid-19. Essa informação é “importante para perceber a situação”, precisa Miguel Prudêncio.

A protecção “não é imediata” após a toma da primeira dose. Serão precisos “pelo menos 14 dias” até se obter um alto grau de imunização, que vai crescendo gradualmente e é “robustecido com a toma da segunda dose” – o que no caso da vacina da Pfizer acontece 28 dias após a primeira. A imunização atinge o nível máximo apenas “duas a três semanas depois da toma da segunda dose”, acrescenta Miguel Castanho, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

O aparecimento de infecções por covid-19 é “absolutamente normal” nos primeiros 14 dias e pode ainda ser relativamente comum nas semanas seguintes, explica Miguel Prudêncio. Por isso é que “não devem ser abandonadas as medidas de protecção” pelo facto de uma pessoa já ter recebido a vacina, prossegue o investigador do Instituto de Medicina Molecular.

Foi também esse o alerta deixado pelo director-clínico do Sesaram, José Júlio Nóbrega, no dia em que passa um ano desde a detecção do primeiro caso de covid-19 na região autónoma da Madeira. “Mesmo para as pessoas vacinadas, as medidas continuam sempre as mesmas: uso de máscara, distanciamento físico, lavagens das mãos. É a melhor coisa que podemos fazer para evitar a doença”, afirmou.

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