Os Grammys 2021 entre o favoritismo de Beyoncé e a polémica ausência de The Weeknd

A cantora de Black parade lidera a corrida aos prémios com nove nomeações, numa lista que começa a tornar-se menos dominada por homens brancos mas continua a gerar polémica.

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Beyoncé chega aos Grammys de 2021 com nove nomeações Eduardo Munoz

Com nove nomeações em oito categorias, Beyoncé arrisca-se a ser a grande vencedora dos Grammys de 2021, num ano em que até não lançou nenhum novo álbum. Os prémios da indústria musical americana são atribuídos este domingo em Los Angeles, nos Estados Unidos, numa cerimónia que poderá ser seguida em directo no canal televisivo SIC Caras a partir das 0h45. 

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Com nove nomeações em oito categorias, Beyoncé arrisca-se a ser a grande vencedora dos Grammys de 2021, num ano em que até não lançou nenhum novo álbum. Os prémios da indústria musical americana são atribuídos este domingo em Los Angeles, nos Estados Unidos, numa cerimónia que poderá ser seguida em directo no canal televisivo SIC Caras a partir das 0h45. 

Com seis nomeações, a cantora Taylor Swift, o rapper Roddy Ricch e a cantora e modelo britânica Dua Lipa são os artistas que mais se aproximam de Beyoncé, cuja Black parade está nomeada para Gravação do Ano, Canção do Ano e Melhor Performance de R&B.

Depois de anos de polémicas em torno da sub-representação de mulheres e afro-americanos – em 2017, o facto de o monumental e revolucionário Lemonade, de Beyoncé, não ter sido escolhido para álbum do ano escandalizou a própria Adele, que ganhou o prémio com 25 –, as nomeações femininas representam em 2021 28% do total, o que constitui um recorde na história dos Grammys e confirma uma tendência iniciada em 2019, quando essa percentagem subiu de 8 para 16,4%, fixando-se depois, em 2020, um pouco acima dos 20%, segundo um relatório divulgado esta semana pela Annenberg Inclusion Initiative da Universidade da Califórnia do Sul.

Mas nem por isso esta 63.ª edição evitou a controvérsia, com The Weeknd, nome artístico do cantor, compositor e produtor canadiano de origem etíope Abel Makkonen Tesfaye, que muitos esperavam ver nomeado em diversas categorias no ano em que lançou o álbum After Hours e a canção Blinding lights, a nem sequer figurar na extensíssima lista de nomeações, que abrange 83 categorias. Algumas delas, sobretudo nos domínios do rap e da música latina, receberam aliás recentemente novas designações, no que foi visto como uma consequência dos protestos que eclodiram nos Estados Unidos após a morte do cidadão negro George Floyd, sufocado por um polícia branco. 

“Os Grammys continuam corruptos”, acusou publicamente Weeknd, que pretenderá boicotar os prémios, pedindo à sua editora para não candidatar os seus trabalhos à Recording Academy, a instituição que atribui os galardões. Vários músicos, do também canadiano Drake à rapper Nicki Minaj ou ao cantor britânico Elton John, assumiram a defesa de Weeknd. Drake propôs mesmo que se criassem novos prémios para substituir os Grammys, argumentando que se deve “aceitar que aquela que foi em tempos a mais alta forma de reconhecimento possa já não ter interesse para os artistas de hoje e para os que virão”.

A cerimónia deste domingo, que chegou a estar agendada para 31 de Janeiro, vai decorrer no Los Angeles Convention Center, terá como anfitrião Trevor Noah, actual apresentador do programa Daily Show, e incluirá a actuação de mais de 20 músicos e bandas, de Billie Eilish, grande vencedora da edição de 2020, Taylor Swift, Roddy Ricch ou Dua Lipa ao duo de soul psicadélico Black Pumas ou aos sul-coreanos BTS.

A lista inicial previa 22 actuações, mas Bruno Mars, que criou com Anderson Paak o projecto Silk Sonic, publicou um tweet dirigido à Recording Academy a pedir para deixarem tocar “dois músicos desempregados”. Em estilo bem-humorado, Mars propunha-se enviar uma cassete com o trabalho do duo e assegurava que ambos fariam os necessários testes de despistagem da covid-19. A instituição respondeu no mesmo registo, também no Twitter, perguntando-lhe se tinha mudado de número de telefone, porque andava há uma semana a tentar apanhá-lo, e garantindo que ficaria muito satisfeita se os Silk Sonic fizessem a sua estreia televisiva nos Grammys.

Se Beyoncé é favorita a vencer a Gravação do Ano, apesar de haver quem sugira que Billie Eilish pode repetir com Everything I wanted a proeza conseguida em 2020 com Bad guy, a contenda para o Álbum do Ano já é de desenlace menos previsível. Jhené Aiko concorre com Chilombo, os Black Pumas com o seu disco homónimo, os Coldplay com Everyday Life, Jacob Collier com Djesse Vol.3, as Haim com Women in Music Pt.III, Dua Lipa com Future Nostalgia, Post Malone com Hollywood Bleeding, e Taylor Swift com Folklore.

Fora das principais categorias, o Grammy para os Melhores Arranjos Instrumentais e Vocais pode vir a ser conquistado por uma portuguesa, a cantora portuense Maria Mendes, radicada na Holanda, que concorre com o tema Asas fechadas, do seu álbum Close To Me, no qual associa o jazz ao reportório do fado. A cantora, que teve a colaboração do produtor e pianista John Beasley e da orquestra holandesa de jazz Orkest Metropole, vai competir com músicos como Pat Metheny ou Jacob Collier.