Ortodoxos cipriotas protestam contra música “blasfema” do Festival da Eurovisão. E Portugal escolhe hoje a canção

A canção El diablo foi escolhida para representar este ano o país na 65.ª edição do festival de música europeu.

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O protesto, organizado pela Associação Juventude Ortodoxa do Chipre, realizou-se à porta da rádio e televisão pública cipriota KATIA CHRISTODOULOU/epa

Membros da igreja ortodoxa do Chipre pediram este sábado a substituição da canção com a qual o país competirá no Festival da Eurovisão por considerarem que a escolhida constitui um “escândalo para os cristãos”.

O protesto, organizado pela Associação Juventude Ortodoxa do Chipre, realizou-se à porta da rádio e televisão pública cipriota, CyBC, que escolheu, na semana passada, a canção El diablo para representar este ano o país na 65.ª edição do festival de música europeu.

Interpretada pela cantora grega Elena Tsagrinu, a canção cipriota desencadeou, após a sua apresentação na semana passada, protestos da igreja ortodoxa, que classificou o tema de “hino a satanás”.

“É um hino às forças obscuras e proclama a submissão do homem às trevas e à humilhação”, afirmaram hoje os manifestantes.

“Em nome dos milhares de nossos cidadãos, convidamos-vos a cancelar a participação do Chipre no festival deste ano ou a substituir o tema e dar outro a Tsagrinu”, escreveram os organizadores numa carta dirigida ao director da CyBC, Grigori Malioti.

Os responsáveis da cadeia de televisão defenderam a eleição da canção e assinalaram que a letra fala de “uma batalha entre o bem e o mal e o dilema de uma mulher que cedeu à paixão do seu amante”.

Já foram recolhidas cerca de 17 mil assinaturas para pedir que o tema seja retirado do festival.  Na semana passada, uma pessoa que ameaçou incendiar o edifício da CyBC foi detida pela polícia. 

Representante de Portugal é escolhido hoje

A RTP1 transmite no sábado à noite, em directo dos estúdios de Lisboa, a final da 55.ª edição do Festival da Canção, que será apresentada por Filomena Cautela, Vasco Palmeirim e Inês Lopes Gonçalves.

As dez canções em competição são, por ordem de actuação: Saudade (tema composto por Karetus e interpretado por Karetus e Romeu Bairos), Joana do Mar (tema composto e interpretado por Joana Alegre), Dia Lindo (Fábia Maia), Na mais profunda saudade (Hélder Moutinho/Valéria), Por um triz (Carolina Deslandes), Dancing in the stars (Neev), Não vou ficar (Pedro Gonçalves), Contramão (Filipe Melo/Sara Afonso), Volte-Face (Pedro da Linha/Eu.Clides) e Love is on my side (Tatanka/The Black Mamba).

As canções que estão na final foram escolhidas em duas semifinais, que se realizaram nos dias 20 e 27 de Fevereiro nos estúdios da RTP, em Lisboa.

Na final, o peso das votações é repartido entre os telespectadores e um júri, com representantes de sete regiões de Portugal Continental e ilhas. Em caso de empate, prevalece a escolha do público, que pode votar através de chamadas de valor acrescentado. As votações estão abertas e os números de telefone correspondentes a cada canção estão disponíveis no site da RTP.

A música Medo de Sentir, interpretada por Elisa e composta por Marta Carvalho, venceu em 2020 o Festival da Canção e deveria ter representado Portugal no Festival Eurovisão da Canção, que estava previsto para Roterdão, nos Países Baixos, mas que foi adiado um ano devido à pandemia da covid-19.

Este ano, não há risco de o concurso, que reúne representantes de 41 países, não acontecer, visto que os concorrentes vão gravar as actuações nos seus países.

As semifinais da 65.ª edição do festival Eurovisão da Canção estão marcadas para os dias 18 e 20 de Maio e, a final, para o dia 22 do mesmo mês.

Portugal participou no Festival Eurovisão da Canção pela primeira vez em 1964, tendo entretanto falhado cinco edições (em 1970, 2000, 2002, 2013 e 2016).

Entre 2004 e 2007, inclusive, e em 2011, 2012, 2014, 2015 e 2019, Portugal falhou a passagem à final.

Portugal venceu pela primeira e única vez o Festival Eurovisão da Canção em 2017, com o tema Amar pelos dois, interpretado por Salvador Sobral e composto por Luísa Sobral. Na sequência da vitória, Lisboa acolheu, no ano seguinte, o concurso.

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