No espaço de um ano, Guimarães apoiou projectos e actividades culturais em mais de 600 mil euros

O programa da Câmara Municipal de Guimarães foi criado há um ano, pouco antes de a pandemia trocar as voltas ao sector cultural. Neste período, a autarquia atribuiu o dobro dos apoios previstos, já que o tecto global estimado era de 300.000 euros. “Nesta altura, temos de estar na linha da frente”, diz a vereadora da Cultura

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PAULO PIMENTA

Quando o IMPACTA (Investimento Municipal em Projectos e Actividades Culturais, Territoriais e Artísticas) foi apresentado, em Fevereiro do ano passado, estimava-se que o tecto global do programa criado pela Câmara de Guimarães seria de 300.000 euros. Volvido um ano e feitas as contas, o apoio previsto dobrou. O equivalente ao montante destinado para o prazo de um ano foi, afinal, atribuído aos projectos que concorreram ao IMPACTA logo no segundo semestre de 2020. Recentemente, o executivo municipal deliberou a atribuição de mais de 303.000 mil euros para actividades, criação, edição, investigação e circulação de projectos culturais.

Adelina Paula Pinto, vereadora da Cultura da autarquia vimaranense, recusa que o programa seja visto como “um favor” aos profissionais do sector cultural, um dos mais afectados pela pandemia. “Estamos a dar o que é de direito. Estamos cientes do papel que a cultura tem e teve na cidade. Somos sempre muito orgulhosos do número de pessoas em Guimarães que trabalha na cultura, mas, nesta altura, temos de estar na linha da frente”, diz. No IMPACTA, garante, cabem “todas as manifestações artísticas” dos criadores vimaranenses (e não só), havendo subsídios dirigidos “a grupos folclóricos e a projectos de música erudita”, mas também à edição de livros e discos.

Para o primeiro semestre deste ano foram aprovadas 90 candidaturas. Paulo Lopes Silva, adjunto da vereadora e um dos responsáveis pelo IMPACTA, informa que o número de candidaturas “cresceu”, havendo projectos apresentados “para todas as áreas” passíveis de apoio. Do montante global, segundo os documentos disponíveis para consulta no site da Câmara de Guimarães referentes ao programa, as maiores parcelas são referentes aos apoios financeiros a actividades pontuais (124.675 euros) e à criação artística (mais de 100.000 euros). Também serão atribuídos dois subsídios a planos anuais de actividades, num total de 17.000 euros. O IMPACTA também apoia “a circulação de projectos culturais na área do município”, bem como a “circulação nacional ou internacionalização de projectos culturais” e “projectos de investigação”.

Em tempos de incerteza, muitas das candidaturas apresentaram projectos adaptados ao contexto pandémico. Ainda assim, aponta Paulo Lopes Silva, as actividades abrangerão todo o território concelhio: “Neste sentido, estamos a falar das actividades. Há projectos criados para o centro da cidade, mas também temos outros espalhados pelo concelho e circunscritos a algumas freguesias. E, claro, outros que serão virtuais.” Segundo o município, cerca de 50% dos apoios servirão para essas actividades, mas também para o “investimento das associações” vimaranenses que concorreram ao IMPACTA.

Para Adelina Paula Pinto, também vice-presidente do município, este investimento significa a contínua aposta do concelho na cultura: “Depois de Lisboa e do Porto, Guimarães tem esta assunção cultural, que continuamos a assumir. Todos os nossos projectos vão nesse sentido, desde o Bairro C ao investimento no Teatro Jordão, mas também no que diz respeito ao investimento, neste sentido, nas escolas.” Quanto a apoios para o segundo semestre deste ano, a vereadora assegura que a autarquia tentará “conseguir lançar um apoio no mesmo valor”. “Não é fácil, porque também temos quebra de receita. Mas achamos que devemos manter este programa, até porque os criadores e os artistas não têm sido tão apoiados quanto isso”, conclui.  

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