Causas

Najin e Fatu são os dois últimos rinocerontes-brancos-do-norte

"As meninas", como são carinhosamente conhecidas no santuário onde vivem, no Quénia, são mãe e filha e as últimas da sua espécie. Jack Davidson fotografou-as, a pedido do The New York Times, e editou o livro Ol Pejeta, cuja receita das vendas será parcialmente canalizada para a preservação desta espécie.

©Jack Davison, 2021, cortesia da Loose Joints
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©Jack Davison, 2021, cortesia da Loose Joints

São mãe e filha e os últimos rinocerontes-brancos-do-norte. Najin e Fatu vivem num dos maiores santuários para rinocerontes do mundo, o Ol Pejeta Conservancy, no Quénia, onde são cuidadas por Zacharia, o seu devoto tratador, e carinhosamente conhecidas por todos como "as meninas".

A filha e a neta de Sudan, o último rinoceronte-branco-do-norte macho que morreu em 2018, uma superestrela da vida selvagem pelos piores motivos, nasceram e cresceram na República Checa num ambiente totalmente controlado, rodeadas de pessoas, sem qualquer ideia do que significa viverem no seu habitat natural. São, por isso, especialmente meigas e sociáveis, atesta o jornalista Sam Anderson que foi, na companhia do autor destas imagens, Jack Davison, a pedido do The New York Times, em Janeiro de 2021, até ao Quénia com o objectivo de conhecê-las.

As "meninas", hoje com 32 e 19 anos, chegaram ao santuário em 2009. E, nessa altura, tinham medo de tudo. Assustavam-se com os movimentos de outros animais, sobressaltavam-se ao menor ruído. Hoje, já ambientadas, vivem uma espécie de vida selvagem supervisionada. As suas manhãs começam com uma escovagem rigorosa. Najin, a mais velha e mais meiga, gosta especialmente desta forma de despertar — posiciona o seu volumoso corpo de forma a facilitar ao tratador o acesso a todos os recantos. Depois disso, ambas são libertadas na área do parque, onde passam o dia a fazer aquilo que um rinoceronte faz: chafurdar na lama, afiar os chifres, esfregar o corpo contra troncos de madeira e a comer, comer e comer grandes quantidades de erva. São muito relaxadas e raramente atacam humanos ou outros animais. Um rinoceronte-branco pode matar, mas irá, sempre que possível, preferir não o fazer.

As "meninas" são famosas no circuito dos safaris da região não tanto como Sudan foi outrora , mas encontram-se protegidas da caça furtiva pelas vedações do parque e por constante monitorização. A ligação de Najin e Fatu é especial, afinal são mãe e filha e as suas únicas companheiras de espécie, algo raro, mas cada vez mais frequente no século XXI, devido a acção humana. Ironicamente, a mesma que destrói espécies recorre à ciência para conservá-las.

Esforços no sentido da reprodução e salvamento dos rinocerontes-brancos-do-norte têm sido realizados em Ol Pejeta. As "meninas" aguardam, pacientemente, por novos companheiros que resultarão de fertilização in-vitro do material genético de Sudan, que foi recolhido pelos funcionários do santuário antes do seu falecimento, dos óvulos de Najin e de uma barriga de aluguer da espécie rinoceronte-branco-do-sul. A pandemia de covid-19, no entanto, tem atrasado essa empreitada.

As fotografias de Jack Davison retratam o terno laço que existe entre Najin e Fatu, de forma isolada, e o que mantêm com o seu tratador, Zacharia. Parte da receita das vendas do livro editado pela Loose Joints Publishing, intitulado Ol Pejeta, será canalizada para a preservação desta espécie. 

©Jack Davison, 2021, cortesia da Loose Joints
©Jack Davison, 2021, cortesia da Loose Joints
©Jack Davison, 2021, cortesia da Loose Joints
©Jack Davison, 2021, cortesia da Loose Joints
©Jack Davison, 2021, cortesia da Loose Joints
©Jack Davison, 2021, cortesia da Loose Joints
©Jack Davison, 2021, cortesia da Loose Joints
©Jack Davison, 2021, cortesia da Loose Joints
©Jack Davison, 2021, cortesia da Loose Joints
©Jack Davison, 2021, cortesia da Loose Joints
Interior do fotolivro Ol Pejeta, de Jack Davison, editado pela Loose Joints
Interior do fotolivro Ol Pejeta, de Jack Davison, editado pela Loose Joints ©Jack Davison, 2021, cortesia da Loose Joints
Capa do fotolivro Ol Pejeta, de Jack Davison, editado pela Loose Joints
Capa do fotolivro Ol Pejeta, de Jack Davison, editado pela Loose Joints ©Jack Davison, 2021, cortesia da Loose Joints