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Roma regressa às esplanadas, aos balcões, aos cafés. Saudades, esperança e cautelas
Em grande parte de Itália, as restrições impostas antes do Natal foram aliviadas. Em Roma voltaram a ouvir-se as conversas nos cafés e nos restaurantes, as gargalhadas dos empregados e clientes. Algumas atracções reabrem, incluindo Museus do Vaticano e Coliseu.
Depois das severas restrições aplicadas em Itália antes do Natal, com poucas excepções depois disso, boa parte do país pôde voltar estar segunda-feira à "normalidade" possível, mesmo que entre a pandemia e a crise política, com alguns especialistas a criticarem a reabertura como prematura.
E os italianos já estavam mesmo cheios de saudades dos seus amados cafés e restaurantes, que até agora, como em Portugal, estavam cingidos ao take-away e entregas.
Com o regresso às suas segundas casas, a alegria pareceu mudar o ambiente das ruas.
"Sentíamo-nos mortos sem os cafés", disse à Reuters a romana Tiziana Baldo depois de um empregado lhe servir o seu café no centro da capital italiana.
E é como uma redescoberta dos prazeres que antes pareciam tão fáceis. "É maravilhoso vir aqui e falar com as pessoas atrás do balcão. Eles fazem-nos sentir vivos a cada manhã antes de irmos para o trabalho", disse Tiziana.
Enquanto boa parte da Europa permanece em confinamentos e restrições apertadas, Itália suavizou as medidas em 15 das 20 regiões e a restauração pode servir novamente às mesas e balcões até às 18h. Depois dessa hora, só take-away até 22h. Recolher obrigatório continua vigente, das 22h às 5h.
"Estou muito contente porque pelo menos todo este desperdício gigantesco de plástico vai terminar", comentou ainda Leonardo Angelini, um trabalhador da construção civil, enquanto bebia o seu café matinal, referindo-se a todos os materiais plásticos necessários para take-away e entregas.
Algumas atracções, fechadas por quase dois meses, também voltam a estar acessíveis. Incluindo o marcante Coliseu de Roma, que assinalou o novo reinício com um concerto na arena quase vazia. Os museus do Vaticano também reabriram.
E, apesar de tudo, avistam-se turistas, contam-se pelos dedos mas encontram-se. "Estou tão feliz, pela primeira vez há algo de positivo" durante a pandemia, disse à Reuters Benoit Duplais, um visitante belga. Visitou o Vaticano, a Capela Sistina e agora preparava-se para visitar o Coliseu. "É fantástico", resumia Benoit, encantado com a liberdade reencontrada e as reaberturas.
"Estamos esperançosos", disse Giuseppe Unico, dono de um bar em Roma, que, como toda a Itália, está habituada a depender muito dos ganhos com o turismo. "Estamos à espera do regresso dos turistas, mas neste momento este pensamento parece-me uma utopia".
Apesar da alegria nas ruas, e mesmo com o ministro da saúde Roberto Speranza a lembrar que "o perigo não passou", houve críticas ao suavizar das restrições. Entre os críticos, a Organização Mundial da Saúde, que considerou prematuras as novas medidas.
Esta terça-feira, o país registou 18.976 novos casos de coronavírus e 499 mortes por covid-19.