Há pessoas que alugam animais para poderem sair à rua, diz autarca de Barcelos

O presidente da Câmara de Barcelos refere que há animais “obrigados” a ir à rua três vezes por dia, apesar de darem sinais de “estarem cansados de passear”.

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Pessoas usam os animais como pretexto para saírem de casa Miguel Manso

Face à aceleração da pandemia, que, nesta terça-feira, culminou num pico diário de 218 mortes, Portugal está de novo em confinamento geral desde sexta-feira. Ainda assim, o movimento de pessoas na rua só diminuiu 30% nos primeiros dias, num sinal de que nem toda a população se mantém em casa. No concelho de Barcelos, há quem recorra ao aluguer de animais para justificar saídas regulares à rua, denunciou, nesta terça-feira, o presidente da Câmara Municipal, Miguel Costa Gomes.

“Vão-me chegando histórias de pessoas que alugam animais para andar na rua (…). Não podemos ser irresponsáveis a esse ponto, de forma a criarmos expedientes para virmos à rua”, realçou o autarca, numa conferência de imprensa realizada à distância.

Presidente do município barcelense desde 2009, o socialista descreveu ainda casos de famílias em que um cão sai à rua várias vezes ao dia, guiado por membros diferentes. “Contaram-me uma história engraçada de que o cãozinho queria ir para casa e um dos donos não deixava, porque queria dar um passeio. Quer dizer que o cão já estava cansado de passear”, disse.

Miguel Costa Gomes reconheceu que a actividade ao ar livre é permitida à luz do confinamento, desde que as pessoas permaneçam em movimento, “sem ficarem estáticas”, mas pediu aos munícipes para ficarem em casa sempre que possível, limitando-se a “sair à rua em situações excepcionais ou necessárias”.

O autarca revelou ainda que, neste momento, existem 1536 casos activos de infecção pelo novo coronavírus em Barcelos – a taxa de infectados por 100 mil habitantes naquele concelho, com cerca de 120 mil, é de 1315 entre 30 de Dezembro e 12 de Janeiro, segundo a actualização de segunda-feira da Direcção-Geral da Saúde (DGS). Já o número de pessoas isoladas, que inclui quem realizou testes positivos, ascende a 2980, enquanto o número de óbitos face à semana anterior subiu de 78 para 84, acrescentou. Miguel Costa Gomes disse ainda que já foram aplicadas 1601 doses de vacina no concelho, entre profissionais de saúde e cidadãos.

Para o presidente de câmara, os números da pandemia “não baixam” a nível nacional devido principalmente a algum “relaxamento” da população, tendo vincado que as consequências da pandemia “vão-se prolongar no tempo”, se as pessoas não interiorizarem que têm de “sofrer agora de uma forma mais dura”. “A ligeireza de alguns cidadãos está a trazer consequências muito violentas, principalmente às unidades de saúde”, disse.

40 trabalhadores do lixo em isolamento

Cerca de 40 trabalhadores municipais afectos à recolha de lixo estão isolados, confirmou ainda o autarca. Apesar de não ser “líquido que as infecções tenham origem no desenvolvimento do trabalho”, Miguel Costa Gomes ordenou a elaboração de dois novos planos de contingência para esse sector, sabendo que a recolha dos resíduos é um trabalho que não pode ser feito à distância, tal como a limpeza do espaço público e o tratamento dos jardins.

“Quem está nos jardins, na limpeza e na recolha de resíduos sólidos, que são mais de 250, não têm possibilidade de teletrabalho”, explicou. A Câmara Municipal de Barcelos emprega cerca de 800 pessoas, estando 45% delas em teletrabalho, principalmente técnicos e administrativos, detalhou ainda.

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