Espaços verdes no coração de Famalicão vão drenar água para evitar cheias

Zonas verdes, caldeiras das árvores e canteiros vão absorver água para evitarem sobrecarga dos colectores que a escoam para o rio Pelhe e eventuais cheias. Com este projecto, 40% da área que está em obras vai ser permeável.

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Com a requalificação em curso, que se espera concluída no final de 2021, as praças D. Maria II e Mouzinho de Albuquerque, bem no centro de Vila Nova de Famalicão, vão ter mais espaço para peões e para eventos ao ar livre. Mas também vão dispor de espaços verdes capazes de drenarem a água naturalmente, para se impedir a sobrecarga dos tubos que a reencaminham para o rio Pelhe, anunciou nesta quinta-feira a Câmara Municipal famalicense, em comunicado.

O denominado Sistema Urbano de Drenagem Sustentável (SUDS) contempla operações como o aumento de zonas verdes nas praças e o rebaixamento das caldeiras das árvores e dos canteiros para se “maximizar o aproveitamento das águas”. No fundo, permite que essas áreas tenham uma função, quando chove, diz ao PÚBLICO Francisca Magalhães, directora do Departamento de Ordenamento e Gestão Urbanística da autarquia desde 2013. “Vão actuar como esponjas que absorvem a água das chuvas e a infiltram no solo. Normalmente, os espaços verdes e as ruas têm uma inclinação e drenam a água para as sarjetas, que, por sua vez, em tubos, encaminham a água para os rios”, explica.

Para implementar a drenagem natural, o município vai dividir a área intervencionada em bacias de escoamento que encaminham a água para as zonas de absorção natural, segundo “um percurso de canteiro em canteiro e de zona verde em zona verde” até aos colectores, esclarece o comunicado. O plano inclui ainda a criação de uma zona de charcos na praça Mouzinho de Albuquerque, para a água se infiltrar antes de chegar ao Pelhe, rio que vai ser intervencionado. Está prevista a demolição do canal em betão que canaliza o afluente do Ave e o alargamento do seu leito, adiantou Francisca Magalhães.

Todos esses mecanismos visam impedir cheias com origem em fenómenos de “grande pluviosidade em períodos pequenos”, ligados às alterações climáticas, indica a responsável. “Esses momentos podem causar muitos danos. Para além das inundações, há enxurradas e calamidades naturais que podem ser evitadas se houver uma gestão da água eficiente a nível urbana”, salientou. Com o SUDS, a área permeável daquelas duas praças famalicenses vai corresponder a cerca de 40% da total, estimou ainda Francisca Magalhães.

Além de drenarem naturalmente a água, as charcas nas imediações do Pelhe vão ainda dispor de vegetação ribeirinha para reforçar a biodiversidade da cidade. Essa vegetação vai atrair peixes e pássaros, melhorando o cenário ambiental daquela zona, indicou a especialista em urbanismo. Com os solos húmidos, conseguimos ter um conjunto de plantas e de fauna que noutras zonas mais secas não conseguimos”, disse.

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