O centro de Famalicão vai transformar-se para ser mais amigo dos peões

Mais espaço para as pessoas circularem, em detrimento dos carros, e estacionamento mais concentrado: esse deve ser o aspecto da Praça D. Maria II daqui a um ano, quando estiver concluída a obra que começa na segunda-feira. Intervenção de oito milhões de euros estende-se à Praça Mouzinho de Albuquerque.

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A reinvenção do coração de Vila Nova de Famalicão arranca na segunda-feira. A Praça D. Maria II é hoje um espaço em que as árvores ocupam a maioria do seu perímetro, vedando a sua relação com edifícios como o da Fundação Cupertino de Miranda, que acolhe o Centro Português do Surrealismo, e o do mercado municipal, actualmente em obras, e os lugares para estacionamento automóvel a maior parte da sua área. Após a requalificação, que se espera concluída daqui a um ano, o cenário será diferente, com um espaço aberto no seio da praça, propício a eventos, e um novo desenho de algumas das ruas envolventes, com “um perfil único de circulação partilhada”, que dá “prioridade ao peão” após suprimido o trânsito automóvel, adiantou a Câmara Municipal nesta quinta-feira.

Ao anunciar a data do início da obra, extensível à Praça Mouzinho de Albuquerque, a autarquia frisou o que o investimento comparticipado pelo Norte 2020, superior a oito milhões de euros, é um dos “maiores de sempre na requalificação de um espaço público citadino famalicense”. “Os oito milhões vão ser aplicados numa cidade mais amiga das pessoas, do ambiente e do comércio de proximidade”, lê-se no comunicado emitido.

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Durante a intervenção, a praça vai ganhar algum terreno às faixas de rodagem em seu torno, quer a norte, quer a sul, para facilitar a relação da mobilidade suave, quer pedonal, quer ciclável, com os “estabelecimentos de restauração e de bebidas” que ocupam os edifícios em redor, indica a memória descritiva do projecto, consultada pelo PÚBLICO.

Já no centro da praça, as árvores vão dar lugar a um espaço aberto e pavimentado em granito, no enfiamento da Fundação Cupertino de Miranda, onde se prevê a “localização de um palco para actividades lúdico-culturais”. Na ala ocidental, o Jardim D. Maria II, onde se encontra uma escultura da rainha que elevou Famalicão a concelho, em 1835, só vai ser alvo de um “tratamento no revestimento herbáceo”. A leste da praça, o estacionamento vai ser confinado a um espaço cercado de árvores, com capacidade para 107 automóveis, mediante pagamento de tarifa.

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O aparcamento automóvel vai também ser reorganizado na Praça Mouzinho de Albuquerque, a sul da D. Maria II. Os carros espalham-se hoje por toda a área da praça, mas, daqui a um ano, só vão ocupar recantos do espaço, que, juntos, disponibilizam 184 lugares gratuitos. A vegetação daquela praça, ladeada pelo mercado municipal e pelo recinto da feira semanal, também vai ser reorganizada em ilhas para “garantir o correcto ensombramento nos meses de maior calor e a máxima solarização no Inverno”. Um dos cantos desse espaço urbano é atravessado por um troço do rio Pelhe, afluente do Ave, e vai ser alvo de uma “renaturalização do sistema ribeirinho”, com o reforço da vegetação e dos espaços de retenção da água.

O presidente da Câmara, Paulo Cunha, defende que a “profunda intervenção no coração da cidade” vai catapultar Vila Nova de Famalicão para um “novo paradigma urbano”, em que o espaço público será fruído com “uma qualidade de vida muito superior à existente”. “Vamos ter um centro urbano mais atractivo, sustentável e acessível, com mais mobilidade, mais comércio, mais estacionamento, mais ambiente, mais segurança e mais vida”, reitera, citado pelo comunicado da autarquia.

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