Thriller psicológico: porque gostamos de filmes que nos tiram o sono

Há um encantamento nos filmes de thriller psicológico que simultaneamente nos hipnotiza e aterroriza – mas não conseguimos parar de ver.

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Diz-se que o cinema imita a vida. E isso também é verdade em histórias inusitadas, com situações limite – que podem acontecer fora da ficção. O cinema existe para nos confrontar com os mais diversos cenários, com que não nos cruzamos no nosso dia-a-dia e não conhecemos. O cinema existe para nos abrir a mente a pessoas e histórias de vida fora do comum, doenças do foro mental ou físico, imbróglios e confusões que não cabem na bolha do nosso quotidiano e nos parecem inconcebíveis. Para testar as barreiras da nossa empatia e os nossos valores, que temos como verdades universais. Isto é, precisamente, o que acontece com os filmes de thriller psicológico. Somos apresentados a narrativas surreais, de enredos inimagináveis (a não ser pelos génios por trás destes filmes) e desfechos imprevisíveis. É um tipo de cinema que choca mas também nos dá a conhecer paixões, obsessões e perversões que provocam, no ser humano, as mais inesperadas e até bizarras reacções e consequências. Há ainda, dentro deste género cinematográfico, histórias tão estranhas e absurdas que só cabem mesmo no domínio da ficção – e que nos fazem perguntar, por exemplo, “de que tipo de mente tão incrível ou tão perturbada saiu este filme?”. Para amantes do estilo, há na plataforma de streaming Filmin mais de 50 filmes de thriller psicológico num canal especialmente criado para o efeito, onde encontramos desde as mais reconhecidas obras-primas e mestres do género, às novidades e realizadores que mais surpreenderam dos últimos anos. Há filmes de culto como “eXistenZ” (1999), do incontornável David Cronenberg, “Testemunha de um crime” (1984), do mestre Brian De Palma; obras marcantes como “O Colecionador” (1965), de William Wyler, “Solaris” (1971), de Andrei Tarkovsky, “As Consequências do Amor” (2004), de Paolo Sorrentino, “Ela” (2016), de Paul Verhoeven ou “O Clã” (2015), de Pablo Trapero; e outros mais recentes como “Thelma” (2017), de Joachim Trier, “Mandy” (2018), de Panos Cosmatos.



Sugestões para o fim-de-semana


Que tal aproveitar os próximos dias de descanso para matar saudades de um bom thriller psicológico? Sente-se no sofá, aceda à aplicação da Filmin e prepare-se para ver filmes que não vai esquecer tão depressa como “The House that Jack Built - A Casa de Jack” (2018), do controverso Lars Von Trier. Um filme polémico, estreado em Cannes, que chocou os críticos e levou alguns espetactadores a sair da sala ou a vomitar. Em “The House that Jack Built - A Casa de Jack”, Matt Dillon interpreta Jack, um homem altamente inteligente que, nos anos 70, decide canalizar o seu intelecto para o assassínio em série. Doze anos depois, em tom confessional, relata os seus crimes a Virgílio, poeta romano da Antiguidade Clássica, autor da “Eneida”, não poupando o espectador dos pormenores mais macabros dos seus assassinatos – e desvendando, aos poucos, o objectivo último dos mesmos. “The House that Jack Built - A Casa de Jack” é um filme com a clara assinatura de Lars Von Trier, que se diverte a “brincar” com situações extremas e a levar o espectador ao limite. E porque todas as semanas chegam novidades ao catálogo da Filmin, já podemos contar também com alguns dos filmes mais marcantes do género dos últimos anos. É o caso de “Os Inocentes” (2021), lançado na plataforma no mês passado. Do realizador Eskil Vogt, o argumentista nomeado ao Óscar com “A Pior Pessoa do Mundo” (2021), “Os Inocentes” é um thriller sobrenatural desarmante, sobre quatro crianças que, durante as férias de verão nos subúrbios da Noruega, descobrem ter poderes telecinéticos. E algo que começa por brincadeira, acaba por ter consequências gravíssimas. Um filme na linha de excelência do melhor cinema escandinavo, no ritmo cadenciado, na fotografia sempre homogénea e cuidada, nas assombrosas interpretações (especialmente dos mais pequenos) e que pode muito bem entrar para a lista dos favoritos dos amantes de thriller psicológico. Esta semana, a Filmin recebe “Cordeiro” (2021), outro dos thrillers recentes mais impactantes. Realizado por Valdimar Jóhannsson, conta com o mestre húngaro Béla Tarr na produção – o que ajuda a explicar a genialidade e excentricidade desta obra. “Cordeiro” conta a história de um casal, criador de ovelhas, que vive isolado numa quinta na Islândia. Lutando contra o vazio provocado pela trágica morte da filha, um dia encontram, no curral de ovelhas, uma criatura híbrida a quem dão o nome de Ada, como a criança que perderam, e que decidem criar como sua. Apesar do alento que a nova e estranha paternidade parece dar-lhes, esta decisão terá resultados assustadores. Estreado no Festival de Cannes, o filme venceu o “Prémio de Originalidade”, e é de facto algo nunca visto e inesperado, que tem tanto de belo como de assombroso. Atreve-se a descobrir estes filmes (e provavelmente a ficar algumas noites sem dormir)? Deixe-se surpreender e explore os tesouros da Filmin este fim-de-semana!

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