Djokovic e Nadal colocados à prova nas ATP Finals

Os dois melhores tenistas do mundo querem terminar o ano com mais um grande título, mas a concorrência nunca esteve tão forte.

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Djokovic e Nadal Charles Platiau/Reuters

Após 12 edições, as Nitto ATP Finals despedem-se de Londres, antes de se radicarem em Turim, a partir de 2021. O prestigiado evento, que reúne os melhores tenistas da actualidade, começa este domingo, mas a despedida da capital inglesa acontecerá de forma inglória, pois não vai contar com adeptos nas bancadas da Arena O2, contrastando com o ambiente vibrante de milhares de espectadores a esgotarem cada uma das sessões diurnas e nocturnas. E logo na edição que celebra o 50.º aniversário do Masters, denominação por que sempre foi conhecido.

Mas nem por isso a qualidade do ténis irá diminuir, tendo em conta a excelência dos protagonistas: oito dos nove primeiros do ranking mundial. Em várias ocasiões, o Masters tem servido para dissolver algumas dúvidas sobre quem é o melhor tenista do ano – na maioria das vezes decidido por quem somou mais títulos do Grand Slam. Esta época, atípica devido à paragem competitiva entre Março e Agosto, houve três diferentes vencedores nos majors que puderam realizar-se. Talvez por isso, Novak Djokovic, campeão em Janeiro, na Austrália, e com o primeiro lugar do ranking garantido até final de 2020, sinta a necessidade de conquistar mais um grande título para que a sua superioridade não seja contestada.

“Chegar ao torneio sabendo que tenho assegurado o primeiro lugar do ranking tira-me alguma pressão, mas, ao mesmo tempo, não muda o que eu espero conseguir aqui e a razão porque estou cá. Quero mesmo ganhar todos os encontros e colocar as minhas mãos no troféu”, afirmou o sérvio, que procura um sexto título na competição e igualar o recorde de Roger Federer (ausente por lesão).

No ano passado, Djokovic não passou da fase de grupos, o que aconteceu pela primeira vez desde 2011. Mas vinha de uma época cheia, com 68 encontros disputados; este ano, em que realizou 42 duelos, Djokovic chega mais fresco.

Nadal tenta mudar a história

No único torneio individual do circuito ATP disputado por grupos – o que permite que um tenista perca um encontro (ou até dois) e possa sagrar-se campeão –, Rafael Nadal tem um historial nada condizente com o seu estatuto. De entre os seus 86 títulos, entre os quais 20 Grand Slams, o espanhol só conta com um troféu conquistado sobre piso rápido em court coberto (indoor); nas ATP Finals, os seus melhores resultados são um par de finais (2010 e 2013).

“Podemos encontrar desculpas ou razões, mas factos são factos. Sem dúvida que joguei menos em indoor do que noutras superfícies Desde o início da minha carreira que os pisos indoor não são os ideais para o meu ténis. Penso que, nos dois últimos anos, tenho sido capaz de jogar melhor e espero mudar os factos esta semana”, revelou Nadal, que, na semana passada, chegou às meias-finais no Masters 1000 de Paris, um mês depois de estender o seu reinado em Roland Garros com um 13.º título. O número dois na hierarquia mundial qualificou-se para o torneio de acesso restrito pelo 16.º ano consecutivo, mas teve de abdicar de competir em seis ocasiões, devido a lesão.

Os dois trintões terão a concorrência de seis tenistas, mais novos e menos experientes neste tipo de eventos, mas cada vez mais crentes que podem vencer os grandes campeões, em especial, em encontros à melhor de três sets. Aliás, basta olhar para os nomes dos últimos vencedores das ATP Finals: Grigor Dimitrov (2017), Alexander Zverev (2018) e Tsitsipas (2019).

Djokovic está no Grupo Tóquio 1970 – em recordação da primeira edição do evento que, até 1986, era realizado no início de cada ano – com Daniil Medvedev, recente campeão no Masters 1000 de Paris, Zverev e o estreante Diego Schwartzman.

“Ele nunca jogou neste court e isso tira-lhe pressão, mas Diego está em grande forma, é a sua melhor época de sempre. Zverev e Medvedev são provavelmente os que estão em melhor forma aqui. Ganharam dois torneios consecutivos e disputaram a final em Paris. São ambos muito altos e têm grandes serviços, muitas armas do fundo do court e também esquerdas e direitas sólidas. São jogadores completos, com estilos semelhantes. Tenho que estar no meu melhor para poder ganhar-lhes indoors”, resumiu o número um mundial.

Nadal lidera o Grupo Londres 2020, que integra Dominic Theim, vencedor do US Open e finalista do Masters em 2019, Tsitsipas, campeão em título, e outro novato, Andrey Rublev, que detém o maior número de títulos em 2020, cinco, incluindo o da semana passada no ATP 500 de Viena. O russo é precisamente o primeiro adversário de Nadal, já neste domingo.

“Rublev é o tenista que está melhor fisicamente e o que ganhou mais torneios este ano, competindo muito pouco. Vai ser um começo difícil. Thiem está a ter um grande ano e Tsitsipas também. É um grupo duro, mas não se pode esperar outra coisa num Masters”, frisou Nadal.

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