Ser ou não ser outro, eis a questão

Numa abordagem de A Confissão de Lúcio, de Mário de Sá-Carneiro, André Murraças leva ao CCB uma peça em que as personagens se revelam fugidias e se projectam noutros corpos.

Foto

Há oito anos, André Murraças pôs-se a caminho de Barcelona para participar num workshop de dramaturgia com o inglês Simon Stephens, integrado no festival El Grec. Stephens — “um dramaturgo de que gosto muito”, diz ao Ípsilon — havia de proferir uma frase que Murraças poderia, imaginamos, tatuar no corpo: “Escrever é nostalgia”. O teatro de André Murraças é movido, em grande parte, por esse regresso frequente a um passado que desapareceu ou está em perigo de ser engolido pela trituradora do tempo, colocando-o em muitas ocasiões num tempo que não viveu. Quando criou Império, por exemplo, localizava a peça no topo do Empire State Building, em Nova Iorque, e fazia correr em simultâneo narrativas de solidão nas cidades e na relações. Agora, ao estrear no Centro Cultural de Belém, Lisboa, a sua versão para o texto clássico de Mário de Sá-Carneiro A Confissão de Lúcio, está também a transportar-se para Paris no primeiro quartel do século XX, quando a cidade-luz atraía artistas sem fim para os seus cafés e para as as suas noites de desbragada boémia.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Há oito anos, André Murraças pôs-se a caminho de Barcelona para participar num workshop de dramaturgia com o inglês Simon Stephens, integrado no festival El Grec. Stephens — “um dramaturgo de que gosto muito”, diz ao Ípsilon — havia de proferir uma frase que Murraças poderia, imaginamos, tatuar no corpo: “Escrever é nostalgia”. O teatro de André Murraças é movido, em grande parte, por esse regresso frequente a um passado que desapareceu ou está em perigo de ser engolido pela trituradora do tempo, colocando-o em muitas ocasiões num tempo que não viveu. Quando criou Império, por exemplo, localizava a peça no topo do Empire State Building, em Nova Iorque, e fazia correr em simultâneo narrativas de solidão nas cidades e na relações. Agora, ao estrear no Centro Cultural de Belém, Lisboa, a sua versão para o texto clássico de Mário de Sá-Carneiro A Confissão de Lúcio, está também a transportar-se para Paris no primeiro quartel do século XX, quando a cidade-luz atraía artistas sem fim para os seus cafés e para as as suas noites de desbragada boémia.