Darwin saltou do banco para evitar derrota do Benfica

O uruguaio marcou e fez uma assistência no empate frente ao Glasgow Rangers em jogo a contar para a Liga Europa.

Foto
Rafa e Darwin marcaram dois dos golos do Benfica no empate com o Rangers LUSA/JOSE SENA GOULAO

Um golo aos dois minutos e outro para lá dos 90’. O Benfica teve princípio e teve fim e, por isso, conseguiu salvar um empate (3-3) frente ao Glasgow Rangers na Luz, em jogo a contar para a terceira jornada do Grupo D da Liga Europa. Pelo meio, os “encarnados” tiveram uma expulsão e um autogolo que deixaram o jogo nas mãos dos escoceses, mas Darwin Nuñez, relegado para o banco pela gestão de Jorge Jesus, aproveitou os 30 minutos em campo para transformar, com uma assistência e um golo, uma derrota iminente num empate que manteve os “encarnados” no comando (partilhado com o Rangers) do agrupamento.

Mais uma vez, foram evidentes duas coisas nesta versão 2020-21 do Benfica: que Darwin Nuñez, o jogador mais caro da história dos “encarnados” (24 milhões de euros), é um bom investimento; e que a defesa está longe da fiabilidade exigível, jogue quem jogar.

O avançado uruguaio é uma espécie rara de avançado — rápido, potente, generoso e certeiro — e disfarça as muitas lacunas que os “encarnados” apresentam noutros sectores, sobretudo o defensivo, em que a dupla de centrais titular não parece compatível e em que qualquer um dos laterais tem maior propensão para o ataque do que para a defesa (o que é um problema quando é preciso defender um resultado).

Para uma equipa que vinha de uma derrota pesada e traumática no Bessa, nada melhor do que entrar a ganhar. E aos 60 e poucos segundos, a bola já estava dentro da baliza do Rangers, graças um autogolo de Connor Goldson — o central inglês encaminhou para a própria baliza um cruzamento atrasado de Rafa Silva pela direita.

Nos 17 minutos que se seguiram, o Benfica parecia uma equipa estável e segura do que estava a fazer, sem que os homens de Steven Gerrard fizessem alguma mossa nesta tranquilidade.

Tudo mudou aos 19’. Kent escapou-se à defesa “encarnada” e Otamendi foi atrás dele. O argentino derrubou o atacante do Rangers, o árbitro mostrou-lhe o vermelho directo e o Benfica ficou a jogar com dez.

A partir do banco, Jesus abdicou de um jogador da frente (Pizzi) para compor a defesa (entrou Jardel), mas o Benfica não ganhou segurança defensiva, como se iria ver poucos minutos depois e quase até ao fim do jogo.

Autogolo de Diogo Gonçalves

A jogar com mais um, o Rangers assumiu imediatamente o controlo do jogo e não demorou muito a operar a reviravolta. Aos 24’, o Rangers nivelou o resultado com um autogolo de Diogo Gonçalves, um pontapé infeliz do lateral benfiquista sem qualquer pressão de adversários, após uma jogada de Tavernier, e, aos 25’, aconteceu a reviravolta, com Kamara a fazer o 1-2, num lance em que a defesa benfiquista ficou a ver — o internacional finlandês teve todo o tempo e o espaço que precisava para calibrar um remate certeiro que não deu hipóteses a Vlachodimos.

Para a segunda parte, Jesus trocou os laterais (saíram Gonçalves e Tavares, entraram Gilberto e Grimaldo), mas foi o Rangers a aumentar a vantagem aos 51’. Tavernier teve o espaço que precisava para fazer o cruzamento e Morelos, quase em cima da linha de golo, só teve de encostar para o 1-3 — não há desculpa para a tremenda passividade de Grimaldo (que deixou escapar Tavernier) e para a marcação deficiente de Gilberto ao avançado colombiano da formação escocesa.

Com o jogo quase fora do alcance do Benfica, Jesus arrancou do banco a sua dupla titular do ataque (primeiro Darwin, depois Waldschmidt), mas, antes de ter qualquer benefício, Kent ainda atirou uma bola ao poste aos 63’, mais uma vez beneficiando da falta de competência defensiva do Benfica (Gilberto foi o principal culpado, mas não o único).

Os escoceses pareciam no controlo e o Benfica conformado com a derrota, mas houve um homem que não deixou. Aos 77’, Darwin levou o seu esforço até ao limite, coberto por um defesa e pelo guarda-redes do Rangers, e ainda teve o discernimento para colocar a bola nos pés de Rafa para o 2-3.

O Benfica ganhou um fôlego suplementar para os últimos minutos e, nos primeiros segundos do tempo de compensação, beneficiou, mais uma vez, da parceria germano-uruguaia que tinha começado no banco. Waldschmidt fez o passe, Darwin marcou o golo e o Benfica minimizou as suas perdas, evitando uma segunda derrota consecutiva. Mas sofreu seis golos nos últimos dois jogos e não ganhou nenhum deles.

Sugerir correcção